Taryn Simon: o poder das imagens ambivalentes e enganadoras

Taryn Simon: o poder das imagens ambivalentes e enganadoras
De  Euronews

Enquanto fotógrafa, Taryn Simon cruza os universos da arte, da ciência e do jornalismo. Para a artista nova-iorquina nascida em 1975, o mais

Enquanto fotógrafa, Taryn Simon cruza os universos da arte, da ciência e do jornalismo. Para a artista nova-iorquina nascida em 1975, o mais importante não é a fotografia em si mas a compreensão do papel das imagens na criação dos mecanismos de controlo e de poder.

Para mim, a parte mais bela dos arquivos é o facto de estarmos perante uma imensa coleção de dados, informações, imagens e factos. A razão pela qual os arquivos existem é porque é impossível fazer um resumo. Mas, esse material e as falhas existentes entre os diferentes elementos podem dizer-nos algumas coisas.

Taryn Simon acaba de inaugurar uma exposição no Jeu de Paume em Paris. Numa obra de 2003, a artista mostra os retratos de várias pessoas condenadas à morte por engano. Para Simon, as imagens são ambivalentes e podem ser muito enganadoras: “Eu uso fotografia e texto para sublinhar o espaço alterável e manipulável onde o conhecimento é criado. Tento criar dois polos, um polo fotográfico e um polo textual. O espetador move-se entre esses dois polos e elabora constantemente novos julgamentos, novas interpretações novos postulados sobre as narrativas da obra em questão.

Mais do que tirar fotografias, Taryn Simon assume o papel de investigadora e faz um trabalho de pesquisa historiográfica. O mais importante é observar as ligações, os dados e os factos.

Na obra intitulada “Homem vivo declarado morto”, a artista nova-iorquina evoca o massacre de Srebrenica. “Neste trabalho, documentei uma filiação na Bósnia que foi interrompida por um genocídio, o massacre de Srebrenica. Por exemplo, ele é o pai dela. Ele teve quatro filhos todos mortos no massacre de Srebrenica. Este é o segundo filho e aqui estão os filhos dele, etc, etc”, explica Simon.

A artista explora os mais variados temas, por exemplo, espaços contaminados por resíduos radioativos e objetos apreendidos pela polícia no aeroporto de Nova Iorque.

Apesar da diversidade temática, a obra de Taryn Simon tem um fio condutor muito claro: os arquivos. “Para mim, a parte mais bela dos arquivos é o facto de se tratar de uma imensa coleção de dados, informações, imagens e factos. A razão pela qual os arquivos existem é porque é impossível fazer um resumo. É esse material e as falhas entre os diferentes elementos que nos podem dizer algumas coisas”, acrescenta Simon.

A exposição pode ser visitada no museu “Jeu de Paume” em Paris até 17 de maio.

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