Caso "Amanda Knox" chega ao cinema com a "cara de um anjo"

Michael Winterbottom está de regresso ao grande ecrã. O realizador britânico de “24 Hour Party People” propõe-nos desta feita “The Face of an Angel” (“A cara de um anjo”, em tradução direta), um “thriller” inspirado num caso real: o assassínio em 2007 da estudante britânica Meredith Kercher, em Perugia, Itália, que levou à condenação da colega norte-americana Amanda Knox e do então namorado italiano Raffaele Sollecito a, respetivamente, 28 anos e meio e 25 anos de prisão.
Procurámos tratar todos os factos da história e do julgamento com precisão como se este filme fosse de facto sobre o caso real
O processo foi muito mediático e passou a livro pela mão da jornalista americana Latza Nadeau. O realizador britânico, de 53 anos, pegou na história exatamente pelo interesse mediático que a mesma espoletou. “O filme retrata a forma como os meios de comunicação acompanham este tipo de histórias. Não especificamente esta história, mas este tipo de casos: julgamentos de homicídios ou de crimes violentos. À medida que o filme evolui, a ideia é, no entanto, afastar-se disso. Começa, de certa forma, por explicar o papel dos meios de comunicação, mas depois foca-se na rapariga que morreu”, refere-nos Winterbottom, acrescentando que esta é suposta ser uma história “sobre o amor por alguém com quem não podemos estar”: “Há vários ângulos da história, mas no final o que espero é que este seja um filme sobre amor e luto.”
A britânica Kate Beckinsale dá vida a uma personagem inspirada na jornalista americana que acompanhou o “caso Amanda Knox” e escreveu o livro, mas que no grande ecrã assume o nome “Simone Ford”. O alemão Daniel Brühl, que se deu a conhecer com os filmes “Adeus, Lenine!” e ganhou fama no papel de “Niki Lauda”, dá corpo a “Thomas”, o realizador divorciado que aceita fazer um documentário sobre o processo.
“Pareceu-me errado misturar nomes fictícios com reais e combinar uma jornalista inventada com o caso real. Por isso, mudamos a história para Siena, alterámos os nomes dos intervenientes, mas procurámos tratar todos os factos da história e do julgamento com precisão como se este filme fosse de facto sobre o caso real. Não queríamos distorcer o julgamento ou a história do crime”, explica o realizador.
THEFACE OF AN ANGEL reviewed by HillisEric</a> <a href="http://t.co/dJdnFvWkMe">http://t.co/dJdnFvWkMe</a> <a href="https://twitter.com/hashtag/CaraDelevingne?src=hash">#CaraDelevingne</a> <a href="https://twitter.com/hashtag/KateBeckinsale?src=hash">#KateBeckinsale</a> <a href="http://t.co/YNYuwaHEqL">pic.twitter.com/YNYuwaHEqL</a></p>— TheMovieWaffler.com (
themoviewaffler) 25 março 2015
A “top model” britânica Cara Delevingne faz igualmente parte do elenco. A neta da atriz Joan Collins interpreta “Melanie”, uma outra estudante britânica que se cruza no trabalho de “Thomas”, o realizador interpretado por Daniel Brühl.
“The Face of an Angel” passou em outubro pelo Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, no Brasil. O filme ainda não tem título oficial em português nem estreia comercial prevista para o mercado lusófono, mas é lançado esta semana nas salas britânicas e irlandesas, numa altura em que a justiça italiana se prepara para deliberar sobre os recursos apresentados pelos advogados de defesa pelas condenações confirmadas em janeiro de Amanda Knox e Raffaele Sollecito.
Caso real em processo de recurso da condenação
A norte-americana encontra-se nos Estados Unidos, para onde regressou em 2011 quando foi revista para absolvição a primeira condenação proferida dois anos antes de 26 anos de prisão. O italiano encontra-se detido em Itália tal como Rudy Guede, um jovem natural da Costa Marfim e criado em Perugia, incriminado pelas provas forenses encontradas no cadáver de Meredith Kercher. O africano foi condenado a 30 anos de prisão.
#amandaknox's neck wounds photographed by Police SIX days after #MeredithKercher's murder. pic.twitter.com/t59r7EIyLG
— Phil (@PhiIIip_Thomas) 24 março 2015
A britânica, então com 21 anos, foi encontrada degolada e com sinais de ter sido esfaqueada quase cinquenta vezes. O tribunal de Florença reabriu o caso há três anos e acabou por reconfirmar a condenação de Amanda Knox, que na altura do crime tinha 20 anos, e do ex-namorado, que tinha 23. Os acusados recorreram.