Otello, de Verdi, pela Ópera Metropolitana de Nova Iorque sob a batuta de Yannick Nézet-Séguin

Access to the comments Comentários
De  Euronews
Otello, de Verdi, pela Ópera Metropolitana de Nova Iorque sob a batuta de Yannick Nézet-Séguin

A muito aguardada nova produção da Otello, de Verdi, abriu a temporada da Ópera Metropolitana de Nova Iorque. A direção de orquestra está a cargo do maestro canadiano Yannick Nézet-Séguin, a soprano búlgara, Sonya Yoncheva, interpreta Desdémona.

Sonya Yoncheva:

“Desdémona é uma mulher forte, que sabe, exatamente, o que está a fazer, mas do que não se dá conta é da loucura de Otello. Para mim ela é corajosa, porque ama alguém, totalmente, diferente dela, em termos de mentalidade, da sua posição social, do seu tempo. A sua grande força é o amor que sente por Otello. É um amor, de tal forma puro, que é intocável. Ela faz o que tem de fazer para defender o seu amor, o seu homem, até ao fim.”

Yannick Nézet-Séguin:

“Otello é perfeito, nem demais, nem de menos. É o culminar do trabalho de Verdi. Com Otello, todos os ritmos, cada nota, cada silêncio, são perfeitos. Verdi queria uma orquestração muito moderno, diferente do que se fazia, e cria uma moldura orquestral contínua. Mesmo quando a orquestra não está a tocar é como se estivesse, é como uma grande sinfonia cantada, tudo é perfeito.”

Sonya Yoncheva:

“O papel foi escrito para uma soprano lírica típica, mas Verdi empurrou-a para as notas mais graves do nosso registo. Como misturar estes magníficos agudos, do IV ato, com um “esterrefatta fisso”? Devo dizer que, para mim, não é tão difícil, porque numa outra vida fui contralto, por isso sinto uma enorme satisfação em cantar num tom tão baixo, exprimir-me com esse tom que soa tão rude.”

Yannick Nézet-Séguin:

“Se Giuseppe Verdi fosse vivo, em 2015, gostava de dizer-lhe: ‘Veja bem maestro aquilo que proporcionou ao mundo’. Porque Verdi não tinha consciência disso. Verdi duvidava, duvidava… Gostaria apenas de lhe mostrar o quanto o amamos!”

Sonya Yoncheva:

“Pareço uma mulher muito forte, sinto-me obrigada a ser forte, determinada, mas sou vulnerável, tenho muitas dúvidas. Na verdade, os sentimentos podem, por vezes, matar-me, como com Desdémona. É por isso que a compreendo, diria, de uma forma bastante íntima.”