Refugiados e crise humanitária em destaque no Festival de Salónica

Refugiados e crise humanitária em destaque no Festival de Salónica
De  Luis Guita
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Festival Internacional de Documentário de Salónica colocou em destaque a crise de refugiados. Filmes com testemunhos chocantes de pessoas que mostram

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Festival Internacional de Documentário de Salónica colocou em destaque a crise de refugiados. Filmes com testemunhos chocantes de pessoas que mostram o seu desespero e a esperança de uma vida melhor.

O Prémio do Público para Melhor Longa-Metragem da 18ª edição do festival, que terminou a 20 de março, foi para “Aterro Harmónico – Uma Sinfonia do Espírito Humano” de Brad Allgood e Graham Townsley

O documentário acompanha a Orquesta de Instrumentos Reciclados de Cateura, uma pequena cidade no Paraguai. As crianças vivem num bairro-de-lata construída sobre um aterro e aprenderam a tocar em instrumentos feitos a partir de lixo reciclado. A sua história tornou-se conhecida e a orquestra viaja pelo mundo. O filme é um testemunho do poder transformador da música e da resistência do espírito humano.

“Argo Navis” de Stelios Efstathopoulos e Susanne Bausinger ganhou o Prémio do Público de Melhor Documentário Grego Longa-Metragem. Em 2003 um grupo de investigadores começou a reconstruir um navio pré-histórico, como parte de um programa experimental de pesquisa arqueológica náutica. “Argo Navis” é a história deste navio, desde a escolha das árvores até à sua construção e viagem no mar.

“Foi uma viagem de sonho até ao passado e depois regressámos para a nossa realidade,” afirma Stelios Efstathopoulos

“Nós estávamos a filmar no mesmo período em que tantas pessoas se estavam a afogar no mar. Eu senti-me muito mal com isso. A expedição Argonaut lembra-nos o que é o mar. É um lugar onde ideias, escravos, armas e bens foram trocadas. Agora tem de voltar a ser, mais uma vez, um mar de paz, de coexistência de todos os povos do Mediterrâneo. Um lugar de cooperação de toda a humanidade em vez de uma sepultura,” acrescenta Susanne Bausinger.

Maro Anastopoulou, com o documentário “Whispers of the Sky”, conquistou o Prémio FIPRESCI. O Capitão Constantis e o pastor Leonidas têm vivido toda a vida na remota ilha grega de Amorgos. A vida quotidiana tem um objetivo comum, ler os sinais do céu. Eles carregam séculos de conhecimento e fazem a previsão do tempo.

“Eu não esperava este prémio. É muito importante para mim, porque esta foi realmente uma produção caseira. Fizemos isto junto, eu e a minha equipa, que acreditou no projeto. Todos trabalharam pro bono,” revelou Maro Anastopoulou.

A primeira homenagem do Festival foi para Mark Cousins. O realizador da Irlanda do Norte é também escritor e curador. Os seus documentários combinam poesia, filosofia e sensibilidade. Por que gosta tanto de documentários?

“Nós dizemos: a verdade é mais estranha que a ficção. Eu acho que é uma espécie de verdade. Quando se olha para o que acontece no mundo real, quando você olha o que acontece numa cidade como Tesalónica, é algo que não podias inventar. A vida tanto é um vale de lágrimas como o topo de uma montanha. Por isso os filmes de ficção parecem algo comum, em comparação com a surpreendente gama de emoções que se encontra em filmes documentário,” esclareceu Mark Cousins.

O segundo tributo do festival foi para Jon Bang Carlsen, um dos grandes realizadores da Dinamarca. Faz documentários há mais de 40 anos. Conhecido pelos seus pontos de vista pouco convencionais sobre a realização de documentários. Carlsen deliberadamente confunde as fronteiras entre o documentário e a ficção, de forma desinibida transforma a informação que outros documentaristas prefeririam deixar inalterada.

“Na verdade, eu não acredito nessas verdades simples. Não estou interessado na verdade. Estou interessado na honestidade. Acho que todos nós estamos presos dentro das nossas mentes, atrás dos nossos olhos. A única coisa que posso fazer, como cineasta, é tentar retratar o que acho interessante, o que considero emocional, de forma artística e clara, tão articulado quanto o possível,” explicou Jon Bang Carlsen

O Festival Internacional de Documentário de Salónica já é um adulto.
Dimitri Eipides é o “pai” desta criança que fez 18 anos. Qual a razão do sucesso deste Festival?

“Acho que o público de Salónica é responsável pelo grande sucesso do festival. A cidade abraçou-o desde o início e apoiaram em todos os sentidos. É por isso que é o festival mais importante nos Balcãs e também é muito apreciado na Europa,” coniderou o Diretor do Festival, Dimitris Eipides.

“Durante 10 dias, Salónica viu cerca de 200 documentários de todo o mundo. Um osciloscópio muito sensível das questões atuais, onde os refugiados e a crise humanitária tiveram destaque. A presença de filmes gregos foi impressionante: 73 documentários foram exibidos este ano, um número recorde na história do festival,” concluiu o correspondente da Euronews em Salónica, Yorgos Mitropoulos.

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