A aldeia de Hampi, no sudoeste da Índia, foi a capital do Império Vijayanagara, entre o século XIV e o século XVI.
A aldeia de Hampi, no sudoeste da Índia, foi a capital do Império Vijayanagara, entre o século XIV e o século XVI.
Em 1986, o conjunto de monumentos de Hampi foi classificado como Património Mundial da Unesco. Desde então, o número de turistas tem aumentado. A aldeia recebe meio milhão de visitantes por ano.
“Quando visito este local, sinto-me feliz. Venho aqui para pedir saúde para a minha família. Quando estou aqui sinto uma grande paz”, afirmou o peregrino Maharaj Durgappa.
Hoje, Hampi recebe turistas do mundo inteiro. Mas nem sempre foi assim. Até há poucos anos, pela aldeia passavam apenas peregrinos movidos pela fé.
A família de Manjunat Gowda vive em Hampi desde o início do século XX. Em criança, Manjunat brincava ao pé dos templos e não se viam turistas.
“Os meus avós instalaram-se aqui há oitenta anos. Nesse tempo a aldeia não era um local turístico. Muitas pessoas vinham aqui para rezar e não para visitar os monumentos. Quando os peregrinos chegavam o meu avô oferecia-lhes chá, café ou algo para comer. Tratava as pessoas como convidados de Deus”, contou Manjunat Gowda.
Em 2011, a família de Manjunat deixou a casa onde vivia no centro da aldeia porque as autoridades decidiram fazer obras para melhorar o acesso aos monumentos. Manjunat vive a três quilómetros do centro e trabalha como guia turístico.
“Aqui há mais de mil templos e são todos diferentes uns dos outros. Temos três estilos de arquitetura: um estilo mais genérico, a arquitetura hindu e islâmica e, em terceiro lugar, um estilo militar, com torres de controlo. Este sítio é muito bonito”, acrescentou Manjunat.
Nos séculos XV e XVII, a aldeia foi visitada por viajantes e comerciantes europeus. O português Domingo Paes viveu dois anos em Hampi e elogiou a beleza do local e a personalidade do monarca.
Hoje, com o aumento do número de turistas, há novos desafios. Os monumentos precisam de restauro. Há mais exigências em matéria de segurança. Mas o problema mais urgente é o lixo.
“É preciso que as pessoas tenham mais consciência deste problema. Os turistas trazem embalagens de plásticos. Temos caixotes de lixo mas as pessoas, não sei porquê, não os usam. Por isso é importante chamar a atenção para a questão da limpeza”, explicou o arqueólogo indiano N.C Prakash.
Para ajudar o resolver o problema do lixo, um grupo de habitantes decidiu deitar mãos à obra. Kiran Kumar é dono de uma pousada e é um dos comerciantes implicados nas operações de limpeza.
“Penso que temos assumir as nossas responsabilidades. Por isso, eu e alguns amigos ajudamos a manter a cidade limpa. Já o fazemos há vários anos. Em 2003, criámos uma organização que promove os direitos dos cidadãos. Limpamos a margem do rio e a área à volta dos monumentos”, contou Kiran Kumar.
Apesar da motivação de vários cidadãos, as autoridades nem sempre estão sensibilizadas para a importância do património cultural. Em 2013, um projeto para alargar uma estrada, em Hampi, suscitou críticas da UNESCO e das associações de defesa do património.