Primavera Sound'16, d-2: Savages a surfar na plateia de Radiohead

Primavera Sound'16, d-2: Savages a surfar na plateia de Radiohead
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De  Francisco Marques
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A euronews está em Barcelona para antecipar o que de melhor o festival espanhol vai apresentar no prolongamento da próxima semana, no Porto. Estamos no segundo dia do “súper cartel” catalão. A maratona continua.

Cerca de 6 horas de sono, uma “bisteca” com batatas fritas e salada junto à Praça da Catalunha e estamos de volta, sexta-feira, ao Parc del Fórum. Dia 2 do Primavera Sound. Entrámos já depois do norte-americano White Fence ter encerrado a atuação, mas a tempo de ver uns bons 20 minutos de Titus Andronicus antes de irmos conhecer o projeto em nome próprio do ex-Pussy Galore e Royal Trux Neil Michael Hagerty.

O quarteto de Nova Jérsia apresentou um Rock desgarrado, com ecos ora da Califórnia ora de Londres (Clash?). O público gostou e juntou-se à festa. O ponto alto do que pudémos ver, curiosamente, foi a versão de “Blitzkrieg Bop”, dos Ramones — um eterno “floor filler.”

Com cerca de meia hora para escutar o que tinha para nos oferecer Neil Hagerty, colocamo-nos a caminho. Cerca de 700 metros separam ambos os palcos, quase 10 minutos a caminhar em contracorrente com as hordas de gente a caminho de onde mais tarde tentaremos ver os Radiohead a atuar.

Acompanhado dos Howling Hex, o Rocker nova-iorquino pareceu divertir-se em palco, ensaiando um Rock’n‘Roll de solos experimentais a fazer lembrar Jon Spencer. O público não era muito e talvez por isso Neil Hagerty encurtou a atuação prevista em cerca de 15 minutos. Esperemos que no Porto não seja assim, mas tudo bem.

O concerto do dia a abrir

Mais 700 metros em sentido inverso e vamos ao encontro das Savages. Terceiro reencontro, o primeiro em espaço aberto. Algum ceticismo pelo amplo espaço que as recebia, mas… surpresa: Jenny Beth e companhia agarraram o público e até o habitual “surf crowd” aconteceu a contragosto dos seguranças.

#MÚSICA | Surfing the crowd. Again. Jenny Beth Savagesband</a> <a href="https://twitter.com/Primavera_Sound">Primavera_Sound#Barcelona'16 | Reporting… pic.twitter.com/ihQspv80JX

— Francisco Marques (@FrMarques4655) 3 de junho de 2016

“Vocês estão muito longe”, disse Jenny ao público antes de se aventurar no mar de braços a alguns metros do palco. Foi o primeiro momento alto deste segundo dia de Primavera Sound em Barcelona, invertendo o início mais tranquilo e final mais festivo de véspera. “Fuckers” encerrou, em crescendo, a mais curta atuação das três que já vimos ao quarteto franco-inglês: 50 minutos.

Seguiu-se Beirut, no palco em frente. O projeto de Zach Condon apresentou-se igual a si mesmo, a baixar a poeira levantada pelas Savages momentos antes e a cativar a audiência. Já conhecedores da Folk do músico do Novo México partimos para outras latitudes do recinto.

Sem tempo útil para chegar a Steve Gunn nem à turca Selda Bagcan & Boom Pam — este não é de todo um festival fácil, mas de opções e de apostas — decidimos rentabilizar o tempo com o jantar. Retomámos com um belo reencontro: Dinossaur Jr..

Boas memórias dos anos 90

A banda de J. Mascis, com quem nos havíamos cruzado no recinto minutos antes, prendeu a plateia às guitarras e muitos retardaram ao máximo a “visita” obrigatória aos “reis” desta segunda noite. “Start Chopin’” foi um dos vários clássicos que fizeram as delícias dos saudosistas dos anos 90 e certamente será também muito saudado a 10 de junho na Invicta.

Interrompemos as recordações e fomos ao encontro dos Radiohead. A multidão deixou-nos longe do palco e obrigados a “ver” o concerto pelos ecrãs onde se iam alternando projeções em mosaicos. O som era perfeito, a música excelente, o contexto? O errado.

Vimos o grupo de Thom Yorke ao vivo pela primeira vez em 1993. Repetimos quatro anos depois, no lançamento do terceiro álbum, “Ok Computer”. Foi deste disco o primeiro tema a suscitar o coro do povo. Pouco depois de “No Surprises” também “Karma Police” mereceu ovação e refrão em uníssono na plateia já depois do grupo a ter terminado.

MOMENTOS Primavera_Sound</a> <a href="https://twitter.com/hashtag/Barcelona?src=hash">#Barcelona</a> 2016 | Se não dá para ver <a href="https://twitter.com/radiohead">Radiohead descalçaste-te, sentas-te no chão e ouves pic.twitter.com/CEBVG9fY8L

— Francisco Marques (@FrMarques4655) 4 de junho de 2016

Os Radiohead são o fenómeno “indie” do momento. Todos querem vê-los e ouvi-los, mesmo que nem todos os entendam. No Festival Alive, em Algés, não será diferente. Uma hora de concerto pelos ecrãs gigantes e cruzámos todo o recinto para espreitar os Tortoise, já não ouvindo em direto uma surpresa chamada “Creep”, o sucesso que permitiu aos britânicos sobreviver para lá do primeiro álbum, há anos andava esquecido e aqui, em Barcelona, encerrou o concert: “So fucking special”, partilharam em uníssono Thom Yorke e a plateia.

Tortoise TRTS</a> &#39;s live stream is on! <a href="https://t.co/ZcID08CmQL">https://t.co/ZcID08CmQL</a> <a href="https://twitter.com/hashtag/primaveralive?src=hash">#primaveralive</a> <a href="https://twitter.com/RedBullTV">RedBullTVpic.twitter.com/sh4KxeQ6PF

— Primavera Sound (@Primavera_Sound) 3 de junho de 2016

O Post-Rock experimental do trio de Chicago não nos apanhou no momento certo. No Porto, a fechar a segunda noite, não deverão ter melhor sorte com o grosso do público logo a seguir aos Mudhoney, mas podemos estar enganados.

Ritmo a cair no final

Seguimos para um “habitué” nos cartazes do Primavera: Shellac. Já tínhamos visto a banda de Steve Albini há cinco anos na primeira edição do Primavera Porto. A vibração e a atitude Rock continuam lá.

Ali ao lado atuavam os Royal Headache. Na Invicta, curiosamente, os australianos vão suceder no palco, no dia 11, aos Shellac e será certamente interessante a progressão de uns mais batidos para outros mais jovens, mas também de boa onda. A não perder.

#MÚSICA | Com radiohead</a> a congregar milhares, <a href="https://twitter.com/TRTS">TRTS e royalheadache</a> conseguiram ainda alguns | <a href="https://twitter.com/Primavera_Sound">Primavera_Soundpic.twitter.com/T8J0kVCZqR

— Francisco Marques (@FrMarques4655) 4 de junho de 2016

Já com os Last Shaddow Puppets num outro palco palco, deixámo-nos reter pelo início hipnótico dos Animal Collective, um grupo que junta “samplers”, “loops”, sintetizadores e uma bateria pujante para fazer abanar o esqueleto do mais desinteressado.

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De repente, todos estamos interessados e a dançar. No Porto, este “coletivo animal” fecha o palco principal na primeira noite. Em Barcelona, conseguimos escapar à teia sonora, mas fomos deixar-nos enlear pelo Rock lânguido tecido por Alex Turner e Miles Kane, com ajuda de um quarteto de cordas: um violoncelo e três violinos.

Os Last Shaddow Puppets distanciam-se bastante dos projetos principais de ambos os guitarristas/ vocalistas. Turner parece o que mais se diverte neste projeto. O “arctic monkey” sai da casca, desafia o público, contorce-se, sussurra, grita, cala-se, toma poses. A plateia gosta, mas longe dos números que antes tinham assistido aos Radiohead.

Já com o projeto de DJ Kiasmos a fazer dançar os mais resistentes no outro extremo do recinto, coube aos Beach House encerrar os principais concertos. A pop etérea com que abriram a atuação fez-nos desejar outro contexto.

Fomos em busca dele, do descanso. Este sábado voltamos ao final da tarde para a derradeira noite deste Primavera Sound Barcelona no Parc del Fórum. Na última maratona temos reencontros. Fomos em busca dele, do descanso. Este sábado voltamos ao final da tarde para a derradeira noite deste Primavera Sound Barcelona no Parc del Fórum. Na última maratona temos reencontros marcados com PJ Harvey e Ty Segall, mas também ainda muito mais para descobrir.

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