Mulheres DJ em ação no festival Nuits Sonores

O festival Nuits sonores, em Lyon, é um dos maiores eventos europeus de música eletrónica.
Entre 6 e 13 de maio, bandas e DJ de todo o mundo animaram as tardes e as noites, em vários pontos da cidade francesa, na rua, em armazéns ou salas de concerto.
Com um estilo vanguardista e letras provocadoras, os D.A.F marcaram a história da música eletrónica nos anos 80. O duo alemão foi um dos convidados do evento.
"Nessa altura, a música rock foi substituída pela chegada do movimento punk. As pessoas manifestavam interesse e queriam ouvir música nova", recordou Robert Görl.
"As nossas raízes tinham a ver com a música punk e queríamos usar essa energia e combiná-la com novas instrumentos e música eletrónica. Foi assim que criámos música eletro-punk que não existia nessa forma", contou Gabi Delgado-López.
Forte presença de mulheres DJ
Este ano, a programação do festival francês demonstra que a música eletrónica não é um mundo masculino. Há muitas mulheres atrás das mesas de mistura.
Os artistas foram escolhidos por quatro curadores sob a direção de Pierre-Marie Ouillon, diretor artístico do festival.
"Conseguimos fazer uma programação paritária, o que mostra que a sociedade e os atores do underground estão a mudar de ponto de vista. Assistimos à emergência das mulheres e hoje estamos orgulhosos por poder dizer que a nossa programação é, em parte, paritária", afirmou Pierre-Marie Ouillon.
A DJ iraniana Mozhgan Shariat vive atualmente em São Francisco e é uma presença frequente nos festivais. Já esteve no Irão onde a música eletrónica é oficialmente proibida. Por isso mesmo, existe um forte movimento underground no Irão.
"Quando fui ao Irão, os meus amigos convidaram-me para pôr música numa festa underground, mas, eu não quis correr esse risco. Não teria as garantias de segurança que tenho aqui", contou Mozhgan Shariat.
A francesa Tiphaine Belin conhecida como "Tryphème" criou um estilo híbrido usando a voz, máquinas e ritmos de percussão.
"Adoro fazer misturas com máquinas, por um tempo indefinido, os sons hipnotizam-me, é uma espécie de terapia. É bom para mim. A minha motivação é mesmo muito egoísta", considerou a artista francesa.
O grupo francês de afropunk "Tshegue" composto por Faty Sy Savanet e Nicolas Dacunha aposta na percussão para fazer vibrar o público.
"O projeto baseia-se na percussão que é algo primário, que tem a ver com sentimentos, com os batimentos do coração. É genial porque toda a gente pode viver a experiência do transe. Na música eletrónica e tecno, podemos viajar e imaginar os temas como queremos", disse Faty Sy Savanet.