Uma nova versão de "Rigoletto" de Verdi aclamada pela crítica inaugura a nova temporada da Royal Opera House, em Londres.
Uma nova versão de Rigoletto de Verdi aclamada pela crítica inaugura a nova temporada da Royal Opera House, em Londres.
A nova encenação da ópera de Giuseppe Verdi (1813-1901) é dirigida pelo maestro italiano Antonio Pappano. "A obra mistura luz e escuridão, o chamado claro-escuro, podemos pensar que se trata de uma ópera cómica, mas, na origem, a ópera era descrita como uma maldição", disse à euronews o maestro italiano.
Para encenar o espetáculo, Oliver Mears mergulhou na vida do compositor. "Verdi estava de luto pela morte da esposa e dos dois filhos pequenos. Além disso, ele sentia-se muito amargurado com o fracasso da revolução de 1848. Por isso, trata-se de uma ópera sobre um evento coletivo e não apenas sobre uma tragédia pessoal. Há um verdadeiro ângulo político. E é por isso que a ópera tem essa figura extraordinária do Duque que é retratado de forma hostil. Há também a personagem da classe trabalhadora, Rigoletto, o Louco. É a primeira vez na ópera que uma personagem da classe trabalhadora assume o papel principal", frisou Oliver Mears.
Vítima ou responsável?
Para a soprano Lisette Oropesa, a personagem da Gilda sacrifica-se pelo amante de uma forma trágica, mas, não é uma vítima.
"Ela toma uma decisão muito consciente. Muitas das pessoas que irão ver o espetáculo vão pensar que ela cometeu um grande erro e vão perguntar-se: por que razão ela fez essa escolha? Mas não se trata da escolha de uma mulher de 40 anos. É a escolha de uma rapariga de 17 ou 16 anos. Todos nós conhecemos vidas que foram interrompidas por causa de uma imprudência, de um comportamento irresponsável", considerou a soprano norte-americana de origem cubana.
Um regresso à normalidade após 18 meses sem público
Durante a estreia do espetáculo, a ária 'La Donne e mobile' foi muito aplaudida. A Royal Opera House esteve fechada durante quase 18 meses. A encenação de Rigoletto é vista como um desejado regresso à normalidade. "É muito bom ter um público para o qual cantar. E não apenas para cantar, também para respirar, viver a interação, algo que só acontece no espétaculo ao vivo", afirmou Lisette Oropesa.