Artista exilado comove com obras que lembram a devastadora destruição da Síria
"Levantem-se! O Rei dos Buracos" é o título da obra que interpela quem passa na Rua de Saint-Martin, em Paris. Um imperativo em forma de crítica que leva a assinatura de Khaled Dawwa, um artista sírio exilado em França desde 2014.
Fugiu da guerra, mas insiste em contar a história da destruição do país onde nasceu.
"Como artista, sinto a responsabilidade de usar a arte uma vez que tenho os instrumentos para me expressar, ao contrário de outros sírios. Neste projecto, tentei, antes de mais, concentrar-me na vida das pessoas que lá estiveram, nas suas vidas, o quotidiano, as memórias, e como é um bairro massacrado. Eu queria trazer comigo um pedaço da Síria para mostrar realmente o que se está a passar neste momento," Khaled Dawwa.
Usar a arte para denunciar a ditadura
Um bairro, uma enorme representação do bairro de Ghouta, nos subúrbios de Damasco, construido no atelier de Paris, é uma declaração de amor. Chama-se "Aqui está o meu coração!".
Na visita guiada, Dawwa explica que tudo é imaginado em âncoras reais. "Nas casas, há fotografias reais. Vemos pessoas reais que morreram ou estão nas prisões do regime ou foram massacradas. São amigos e pessoas cuja história eu conhecia," diz. Aponta para uma foto em miniatura: "Por exemplo, este senhor é Ali Mustafa, um amigo que conheço desde criança e é prisioneiro do regime há 8 anos e ninguém sabe onde é que ele está agora".
"Aqui está o meu coração!" é um manifesto pessoal, mas também uma obra de crítica social e política. A escultura de Khaled Dawwa poderá ser adquirida em breve por um grande museu francês.