Vamos explorar os laços antigos que ligam a China à Europa através das técnicas de fabrico de espadas.
Vamos explorar os laços antigos que ligam a China à Europa através das técnicas de fabrico de espadas.
Forjada há 2600 anos, a Espada Longquan foi a primeira do género feita de ferro na história chinesa.
Na Europa, os mestres soldadores fizeram de Toledo, em Espanha, um dos centros mais importantes do mundo para o fabrico de espadas.
A tradição chinesa da espada Longquan
A espada Longquan é uma das armas mais icónicas da China. Até hoje, os mestres espadachins seguem a antiga tradição da forja. A areia de ferro, de Longquan dá às lâminas uma elevada resiliência e solidez. São preciso entre quinze e vinte quilos de areia de ferro para forjar uma espada.
A forja é um processo complexo. Um dos desafios é a martelagem. O aço tem de ser aquecido até ficar amarelo. Depois é moldado na bigorna. Nos tempos antigos, apenas os melhores artesãos da China se tornavam espadachins.
Um processo complexo
Na segunda fase do processo, usa-se uma faca especial para moldar os lados da lâmina. É preciso perícia para alterar a espessura e o ângulo das espadas. Depois, a lâmina é reaquecida e apagada antes de ser polida e posteriormente decorada.
Hu Xiaojun é um dos espadachins mais célebres de Longquan. Apaixonado pela tradição, recuperou muitas das técnicas antigas. Tornou-se conhecida pelas chamadas "Espadas do Céu”, forjadas a partir de ferro meteórico.
“Aqui temos o chamado padrão Widmanstatten: ferro cristalizado e níquel depois de centenas de milhões de anos de arrefecimento. É muito complexo”, disse à euronews Hu Xiaojun.
As temidas e veneradas espadas de Toledo
Famoso desde a época romana, o aço de Toledo é conhecido pela sua elevada qualidade. Os ferreiros passaram séculos a aperfeiçoar a forja. Por isso, as espadas de Toledo eram temidas e veneradas em todo o mundo.
Júlio Ramirez é o único mestre forjador da cidade que ainda fabrica espadas à mão, o último elo de uma tradição que dura há mais de dois milénios.
"O aço de Toledo é uma técnica que consiste em soldar duas camadas de aço no exterior, nas arestas de corte, e uma camada de ferro no interior. O que nos dá uma lâmina muito dura e muito flexível . É a diferença entre o aço Toledo, que é muito resistente a choques, e um aço que não é de Toledo, que se partiria. Essa é a diferença", explicou Julio Ramírez.
Flexibilidade e resistência
Para obter flexibilidade e resistência, a lâmina é aquecida a cerca de 800 graus Celcius. Depois é arrefecida em água. Um processo que fortalece o aço.
"Temos de voltar a aquecê-la, a cerca de 250 graus, mais ou menos. O que permite remover as tensões internas do aço e obterer uma lâmina mais flexível”, acrecentou Julio Ramírez.
A etapa seguinte é moldar, polir e montar as lâminas.
Apesar das semelhanças, as espadas não era fabricadas e usadas da mesma forma, na Ásia e na Europa.
"Parece a mesma arma, mas são diferentes. A espada europeia foi concebida para ser usada com a ponta e para atacar, não para cortar, por isso não tem aresta”, explicou Santiago Encinas, diretor da empresa Espadas Mariano Zamorano.
O significado cultural da espada na China
“Na China, uma espada é uma arma, mas, é mais do que uma arma”, frisou Hu Yang, bailarino principal do Teatro de Ópera e Dança Nacional da China.
As espadas dão ênfase às diferentes emoções e indicam o estatuto da personagem.
“A espada não existe sozinha. Está enraizada na nossa cultura. Para Confúcio, a espada não era só uma arma. Era um símbolo de poder, que fazia parte de um protocolo. Uma criação artística deve ser combinada com um conteúdo cultural para mostrar o lado inteletual”, acrescentou o bailarino chinês.
Os grupos de combate em Almodovar Del Rio
No castelo de Almodovar Del Rio, a história ganha vida através de encenações vindas de todo o país.
O grupo de combate medieval Bohurt Zona Sur presta especial atenção aos detalhes, para recriar o passado.
"A nossa armadura baseia-se na armadura da idade medieval, geralmente dos séculos XIV a XVI. E é autêntica. Não importa qual é o passado e a formação do praticante, a técnica melhora sempre à medida que avançamos”, contou Samantha Chapman, praticante de combate medieval.
"Este desporto é incrível, leva-nos ao limite. Estamos a fazer algo histórico, com trinta quilos de armadura. É tudo extremamente épico e incrível", frisou o combatente espanhol Rafael Maldonado.