Nascida de um encontro casual, a carteira Hermès original de Jane Birkin superou todas as expectativas e foi vendida por mais de 8,6 milhões de euros em Paris, tornando-se o segundo objeto de moda mais valioso alguma vez comprado num leilão.
Há quem diga que não se pode pôr um preço nos acessórios de moda e estilo certos, mas os livros de recordes das casas de leilões contam uma história diferente.
A carteira, ou mala, Birkin original, que recebeu o nome de Jane Birkin, a falecida atriz, cantora e ícone da moda para quem a Hermès a criou, foi vendida por mais de 8,6 milhões de euros, tornando-se o segundo objeto de moda mais valioso alguma vez vendido.
Feita para a estrela nascida em Londres pela casa de moda parisiense em 1984, a versão comercializada da mala Birkin tornou-se um dos artigos de luxo mais exclusivos do mundo, com o seu preço extravagante e uma lista de espera que durava, e ainda dura, anos.
Apenas um objeto de moda rendeu mais em leilão - um par de chinelos vermelhos rubi de "O Feiticeiro de Oz", vendido por 30 milhões de euros no ano passado.
O acaso ataca
A mala foi o resultado de um encontro fortuito num voo para Londres, na década de 1980, com o então diretor da Hermès, Jean-Louis Dumas.
Birkin contou em entrevistas posteriores que os dois começaram a falar depois de ela ter entornado algumas das suas coisas no chão da cabina.
Birkin perguntou a Dumas porque é que a Hermès não fazia uma mala de mão maior e desenhou num saco de vómito de avião o tipo de mala que ela gostaria de ter.
Ele então mandou fazer um exemplar para ela e, lisonjeada, ela concordou quando a Hermès perguntou se poderia comercializar a bolsa em seu nome.
A mala tornou-se tão famosa que Birkin chegou a pensar, antes da sua morte em 2023, aos 76 anos, que os obituários sobre ela iriam provavelmente "dizer: 'Como a mala' ou algo do género", acrescentando: "Bem, podia ser pior".
Única
A Sotheby's afirmou que o protótipo em pele totalmente preta foi feito à mão para Birkin.
Descreveu-a como uma "mala lendária" e "um dos artigos de moda mais icónicos alguma vez criados".
A peça tem sete elementos de design únicos que a distinguem de todas as Birkin que se seguiram, afirmou a casa de leilões.
É a única Birkin com uma alça de ombro não amovível. Também tinha um cortador de unhas anexado, pois Birkin "nunca gostou de unhas compridas e pintadas", disse a Sotheby's.
"Mais do que uma simples mala, a Birkin evoluiu de um acessório prático para se tornar um ícone cultural intemporal. A sua presença abrange os mundos da música, do cinema, da televisão e das artes; é um acessório básico nas passadeiras vermelhas, um pilar das revistas de moda e uma peça cobiçada nos guarda-roupas de celebridades, artistas e estilistas", afirmou a mesma entidade.