A plataforma causou indignação entre os fãs ao remover as armas do 007 dos cartazes originais dos filmes de James Bond. E, silenciosamente, voltou atrás na decisão...
Desde que a Amazon assumiu o controlo total da franquia James Bond, os fãs da icónica série cinematográfica têm manifestado preocupações de que a plataforma de streaming possa não ser a melhor opção.
Os seus receios não foram dissipados quando a Amazon Prime Video divulgou algumas imagens nas quais, de forma suspeita, as armas do famoso espião são removidas.
Vários cartazes, incluindo do Dr. No (1962) e do GoldenEye (1995), mostravam Sean Connery e Pierce Brosnan em poses um pouco estranhas, com as armas a terem sido completamente apagadas.
Tal é particularmente notório no retrato de Sean Connery, uma vez que a nova imagem mostra-o numa pose atrevida, de braços cruzados, em vez de estar a segurar a sua Walther PPK, parecendo mais crítico do que ameaçador.
Outros cartazes exibiam a mão de Daniel Craig completamente cortada no póster referente a Spectre (2015), de modo a não exibir uma arma de fogo.
A reação foi rápida, com vários fãs a repararem nos cartazes recém-censurados, e quase todos consideraram a iniciativa da Amazon "insultuosa", "enlouquecedora" e "patética".
"Honestamente, é tão patético", comentou um utilizador das redes sociais. "Mais vale censurar as palavras 'Arma', 'Morrer', 'Octopussy' e 'Matar'."
Outro escreveu: "A Amazon remover imagens de armas da capa de James Bond é a abordagem mais americana ao controlo de armas que se possa imaginar", antes de acrescentar sarcasticamente: "Muito bem."
Tudo se assemelhava à iniciativa, mal orientada, da subestimada comédia satírica Thank You For Smoking, de 2005, em que um senador, interpretado por William H. Macy, tentava retirar os cigarros dos filmes antigos de Hollywood para os substituir por rebuçados, a fim de promover um estilo de vida mais saudável.
Confrontada com uma enchente de críticas e acusações de "vandalismo cultural", a Amazon Prime Video parece ter retirado, discretamente, as imagens adulteradas, substituindo-as por fotografias de cada filme.
Os fãs não hesitaram em salientar que nenhuma das imagens mostra Bond com uma arma...
Esta não é a primeira vez que a franquia Bond enfrenta reações negativas no que diz respeito à higienização da marca.
Há dois anos, foi noticiado que os livros de James Bond de Ian Fleming iam ser republicados e reescritos para se adaptarem às sensibilidades do século XXI, após a Ian Fleming Publications Ltd ter encomendado uma revisão feita por "leitores sensíveis".
As alterações incluíam a remoção de uma série de referências raciais, bem como a menção da etnia de certas personagens.
Na altura, a Euronews Culture falou com o biógrafo de Ian Fleming, Andrew Lycett, que comentou as reescritas planeadas e se esta iniciativa era apropriada ou uma forma de censura literária.
"Penso que é o que Fleming escreveu e que deve continuar assim. Ele não está aqui para dizer 'Sim, concordo'", afirmou Lycett, acrescentando: "Ian Fleming escreveu o que escreveu e a coisa certa é mantê-lo como está".
Afirmou ainda: "Não se pode mudar James Bond. Ele é o que é. É uma personagem do seu tempo. [...] Isto é uma forma de censura, não há qualquer dúvida sobre isso."
Leia a entrevista completa aqui.
No ano passado, também noticiámos que o British Film Institute (BFI) estava a planear incluir avisos antes da exibição dos filmes de James Bond - algo que também suscitou críticas e algumas sobrancelhas levantadas ao estilo de Roger Moore.
A mais recente mudança estética da Amazon deixou um gosto amargo na boca dos fãs, que ainda estão preocupados com o futuro da franquia sem os produtores de longa data Michael G. Wilson e Barbara Broccoli no comando criativo.
Em fevereiro, foi anunciado que a Amazon MGM, de propriedade americana, tinha assumido o controlo criativo total da série 007, mantendo-se a dupla de produtores como coproprietários da franquia.
O realizador de Dune, nomeado para um Óscar, Denis Villeneuve, foi escolhido para realizar o 26.º filme de Bond para a Amazon MGM, tendo o criador e escritor de Peaky Blinders, Steven Knight, sido contratado para escrever a próxima aventura.
Villeneuve está, alegadamente, à procura de um ator desconhecido para assumir o papel de James Bond - ao contrário de relatos anteriores que indicavam que Aaron Taylor-Johnson era o favorito e que a Amazon tinha uma lista definida de atores para o cobiçado papel.
O filme Bond 26, ainda sem título, só deverá ser lançado em 2028.