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Estudo indica que pinturas de Jackson Pollock podiam ter sido feitas por crianças

Novo estudo conclui que o estilo de Pollock é difícil para adultos reproduzirem, mas para crianças é uma brincadeira de crianças.
Novo estudo conclui que o estilo de Pollock é difícil de reproduzir para adultos, enquanto as crianças acham-no… brincadeira de crianças. Direitos de autor  Copyright 2005 AP. All rights reserved.
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De Rebecca Ann Hughes
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Estudo conclui que o estilo de Pollock é difícil de reproduzir por adultos, mas por crianças é...brincadeira de criança.

"Uma criança podia ter feito isso" é a crítica mais banal à arte moderna, mas, no caso de Jackson Pollock, os críticos têm mesmo razão.

O artista norte-americano do movimento do expressionismo abstrato dominou a pintura por gotejamento, pingando, espalhando e lançando cores sobre uma tela estendida no chão.

Um novo estudo concluiu que o estilo de Pollock é difícil de replicar por adultos, mas por crianças é… brincadeira de crianças.

Consegue dizer se um quadro foi feito por uma criança ou um adulto?

E, quanto ao autor, conseguimos dizer com fiabilidade se uma obra foi criada por crianças ou por adultos? Foi esta a questão que os investigadores de um novo estudo na Frontiers in Physics quiseram testar.

Embora os céticos vissem desordem sem talento nas pinturas de Pollock, o verdadeiro objetivo do artista era refletir na tela a mecânica controlada e os movimentos do corpo enquanto pintava.

O físico e artista Richard Taylor, bem como a sua equipa, exploraram esta ideia, pedindo a 18 crianças entre os quatro e os seis anos, e a 34 adultos entre os 18 e os 25, que criassem obras inspiradas em Pollock, salpicando tinta diluída sobre folhas de papel colocadas no chão.

Estas pour paintings, como a equipa de investigação as denomina, foram depois submetidas a uma análise matemática cuidadosa.

Exemplos de pour paintings criadas por uma criança (direita) e por um adulto (esquerda) durante as experiências Dripfest.
Exemplos de pour paintings criadas por uma criança (direita) e por um adulto (esquerda) durante as experiências Dripfest. Credit: Fairbanks et al., 2025.

Os cientistas analisaram os fractais das imagens (padrões que se repetem em diferentes escalas, como em árvores, nuvens e montanhas) e a lacunaridade, que incide nas variações das lacunas entre grupos de tinta.

Com base nisso, as pinturas foram avaliadas pela complexidade dos padrões e dos espaços em branco.

Os resultados mostraram que as pinturas dos adultos tinham maior densidade de padrões e trajetórias de tinta mais largas, com linhas a disparar em muitas direções.

As das crianças, por seu lado, caraterizavam-se por padrões de pequena escala e mais lacunas entre grupos de tinta. Mostravam trajetórias mais simples, unidimensionais, com menos mudanças de direção, refletindo diferenças na movimentação corporal face aos adultos.

Obras de crianças aproximavam-se mais das de Pollock

Os investigadores concluíram que os quadros do grupo mais jovem eram mais semelhantes às obras da escola do expressionismo abstrato.

"É notável que os nossos resultados sugerem que as pinturas de crianças se assemelham mais às de Pollock do que as criadas por adultos", disse Taylor.

O estudo defende que alterações no equilíbrio biomecânico de um artista podem explicar porque é que as crianças replicam melhor esse tipo de obra.

O equilíbrio de Pollock foi afetado por um incidente no nascimento, quando quase foi estrangulado pelo próprio cordão umbilical.

Isso terá tornado os movimentos do corpo mais simples e mais próximos dos de uma criança ao pintar.

"A par das cataratas de Claude Monet, dos desafios psicológicos de Vincent van Gogh e da doença de Alzheimer de Willem de Kooning, os debates na história da arte sobre o equilíbrio biomecânico limitado de Pollock lembram que condições que criam desafios em aspetos da vida quotidiana podem conduzir a realizações magníficas na arte", explicou Taylor.

Pour paintings com traço infantil são mais apelativas

Os autores do estudo analisaram também como o público percecionou as obras dos voluntários adultos.

Questionaram os espetadores sobre a complexidade, o interesse visual e a agradabilidade das pinturas. Os resultados mostraram que as obras com mais lacunas e fractais menos complexos eram percecionadas como mais agradáveis.

As pinturas de crianças, embora não analisadas, também apresentam essas caraterísticas.

A agradabilidade poderá estar ligada à familiaridade, disseram os investigadores.

"A nossa investigação anterior indica que os nossos sistemas visuais se tornaram 'fluentes' nas linguagens visuais dos fractais graças a milhões de anos de exposição a esses padrões na paisagem natural", indicou Taylor.

"Esta capacidade de processar a sua informação visual desencadeia uma resposta estética. Curiosamente, isso significa que as pour paintings feitas por crianças são mais atraentes do que as dos adultos", acrescentou.

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