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Morreu Cecilia Giménez, a pintora amadora que imortalizou o "Ecce Homo" de Borja

Cecilia Giménez (à esquerda), que restaurou uma versão do mural "Ecce Homo" do pintor do século XIX Elías García Martínez, em Borja, Espanha, a 16 de março de 2016.
Cecilia Giménez (à esquerda), que restaurou uma versão do mural "Ecce Homo" do pintor do século XIX Elías García Martínez, em Borja, Espanha, a 16 de março de 2016. Direitos de autor  Javier Vinuela/AP
Direitos de autor Javier Vinuela/AP
De Rafael Salido
Publicado a Últimas notícias
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A moradora de Borja, que se tornou famosa em 2012 pela sua polémica restauração da obra original de Elías García, morreu aos 94 anos.

Cecilia Giménez, residente na cidade de Borja, em Saragoça, e que suscitou polémica há mais de dez anos devido ao seu malogrado restauro do "Ecce Homo" de Elías García, morreu na segunda-feira aos 94 anos, segundo o presidente da câmara da cidade, Eduardo Arilla.

"Uma das pessoas mais queridas de Borja partiu. A sua generosidade infinita reflecte-se no que pudemos fazer graças a tudo o que o Ecce Homo nos trouxe", disse Arilla num post publicado no Facebook. "Descansa em paz, Cecília, lembrar-nos-emos sempre de ti".

Aficionada pelas belas artes, no ano de 2012, Giménez quis restaurar a obra de Elías García, que datava de 1923, mas teve que deixar a tarefa pela metade temporariamente. Foi então que um grupo de estudantes, pensando que o seu trabalho já tinha terminado, tiraram algumas fotos que compartilharam na internet, causando assim uma grande agitação.

As imagens, que correram como pólvora pelas redes sociais, antes mesmo que se normalizasse o conceito de "viral", transformaram uma Giménez já então idosa em motivo de chacota e em todo um fenómeno viral. Apesar de não ser a primeira vez que começou uma restauração desse tipo, sempre com sucesso, naquela ocasião, devido ao ruído dos media, acabou por não terminar o seu trabalho.

Vista da versão deteriorada do mural 'Ecce Homo' pelo pintor do século XIX Elias Garcia Martinez, à direita, ao lado de uma cópia do original, à esquerda, na Igreja Borja
Vista da versão deteriorada do mural 'Ecce Homo' pelo pintor do século XIX Elias Garcia Martinez, à direita, ao lado de uma cópia do original, à esquerda, na Igreja Borja Javier Vinuela/AP

"No início eu estava péssima, vi as câmeras e tive medo, perdi seis quilos e não fazia nada além de chorar e chorar", lamentava Giménez um ano depois da controvérsia, como recorda o 'elDiario.es'. "Eu só perguntei por que isto aconteceu comigo, se eu o fiz com tanta boa vontade".

Borja, no mapa

Apesar do dano ao seu património, em Borja nunca ocultaram o impacto benéfico que o ocorrido teve para um povo que, de repente, se tornou um destino turístico, diante da curiosidade de visitantes nacionais e internacionais. Em Espanha, multiplicaram-se as menções ao 'Ecce Homo' referindo-se a alguma restauração mal feita, e no Japão, inclusive, chegaram a comercializar doces embrulhados com o rosto do 'Ecce Homo'.

Giménez, no entanto, sempre preferiu manter-se à margem. "Eu não quis lucrar ou tirar proveito do que aconteceu", chegou a assegurar ao diário espanhol ABC.

De facto, desde 2012, dezenas de milhares de pessoas visitaram o Santuário da Misericórdia de Borja, onde permanece exposto. Esta afluência permitiu levantar fundos tanto para o santuário, como para o Hospital Sancti Spiritus, onde, devido ao seu delicado estado de saúde, residia há alguns anos, juntamente com o filho, que sofre de uma capacidade intelectual.

Esta segunda-feira, a Fundação do Ecce Homo de Borja, se referiu a Giménez como "mais uma estrela no céu". "Falar de Cecilia, é falar de uma mãe entregada, de luta, de força, mas acima de tudo é falar de generosidade, qualidades que lhe serviram para ganhar o afeto de todo mundo", comentava a fundação num comunicado divulgado nas redes sociais.

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