O trabalho de ONG como a Mines Advisory Group (MAG) nas províncias orientais de Angola permite que a população, hoje, tenha uma vida melhor. Atividades como a construção e a agricultura desenvolvem-se.
Durante anos, a vida foi interrompida. A guerra civil terminou há 20 anos, mas há um legado terrível: minas terrestres que paralisaram agricultores, construtores, famílias, crianças e a vida normal. Foi um esforço meticuloso localizá-las e removê-las.
Daniel Traide Souza, administrador da comunidade de Lucusse (província de Moxico)explica o trabalho que teve a ONG Mines Advisory Group (MAG): "É o resultado do trabalho dessa organização, que fez a desminagem destas áreas que foram minadas durante os conflitos armados. Esta organização fez o difícil trabalho de desminagem das áreas minadas para que a nossa população pudesse andar livre.
Entre aqueles que recuperaram as suas vidas encontra-se Deolinda Raquel Chihinga, que faz a divulgação junto da comunidade. Minga, como é conhecida, lembra-se de como era antes, tendo ela própria sido vítima da explosão de uma mina quando tinha apenas seis anos de idade.
"As minas destroem a vida dos seres humanos e prejudicam a comunidade. São colocadas debaixo das árvores ou escavadas num buraco, como na relva", conta.
Minga, agora com 18 anos, diz que o seu trabalho social ajuda aqueles que a rodeiam, bem como a si própria, como uma nova mãe. "Sinto-me mais feliz quando estou com outros, porque uma mina ia tirar-me a vida. Sou uma sobrevivente".
Minga diz que as mulheres desempenham um papel importante na recuperação de uma região cuja paisagem ainda é marcada pelos vestígios da guerra. Onde o material militar enferrujado e destruído partilha com elas a paisagem: "As mulheres também têm feito muito trabalho de limpeza das áreas afetadas e fazem trabalho de sensibilização para alertar a comunidade", diz.
Há inúmeras vítimas como Minga, que lidam com as feridas e tentam reconstruir gradualmente as suas vidas, com a ajuda de fisioterapeutas.
Perigos para a construção e agricultura
As minas terrestres acabaram com muitos edifícios na área. Salvador Fernando, construtor, diz: "Não podíamos andar livremente devido às minas, pelo que a construção também não funcionava. Graças a Deus, a desminagem foi eficaz".
As minas também tiveram um forte impacto na agricultura, num dos celeiros de Angola.
Teresa Castro Vieira Mariz é proprietária da Fazenda Agropecuária T. Mariz e conta: Para aqueles que têm esta paixão pela agricultura, não se deve desistir. Quando comecei, comecei com um hectare, mas hoje posso dizer que estou a trabalhar em 400 hectares".
Daniel Traide Souza diz que a desminagem libertou pessoas e potencial em vários setores. O município de Locusse tem um grande potencial em termos de agricultura, principalmente em termos de turismo, bem como de desenvolvimento da construção.
"Temos luz e iluminação pública. Também conseguimos, dentro da responsabilidade do nosso governo provincial, colocar alguns painéis solares que estão a dar luz nas horas noturnas", diz.
Após um esforço de anos, há luz ao fundo do túnel, e um sentimento de libertação de um perigo que outrora espreitava.