Temperaturas recorde de 2022 podem tornar-se norma

Temperaturas recorde de 2022 podem tornar-se norma
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As condições médias do Verão de 2022 vão tornar-se habituais por volta de 2050, 2060", disse à euronews a cientista Valérie Masson-Delmotte.

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O ano de 2022 foi excecional, em termos climáticos, mas, em breve, as temperaturas elevadas poderão ser a norma.

De acordo com os especialistas, as temperaturas elevadas do verão passado poderão ser consideradas temperaturas médias, daqui a poucas décadas. "As condições médias do Verão de 2022 vão tornar-se habituais por volta de 2050, 2060. É importante perceber que um ano como 2022 é excecional, mas que este tipo de evento será mais frequente, mais intenso. E deixo as pessoas imaginar quais serão os recordes em 2050, 2060, em comparação com um clima médio parecido com o do verão de 2022. "O Verão de 2022 é emblemático das consequências das alterações climáticas induzidas pelas atividades humanas e que se estão a agravar", disse à euronews Valérie Masson-Delmotte, climatologista do Laboratório das Ciências do Clima e do Ambiente.

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Anomalia de temperatura em dezembro de 2022. Período de referência 1991-2020 Fonte: Copernicus Climate Change Service implementado pelo ECMWFeuronews

O impacto do calor na saúde

As ondas de calor do verão passado tiveram um impacto devastador no ambiente, mas o que se conhece menos é o impacto na saúde humana. As estimativas apontam para vinte mil mortes suplementares no verão passado na Europa devido às temperaturas invulgarmente elevadas. Foram registadas temperaturas acima da média não só em Espanha e França, onde o fenómeno já tinha acontecido, mas também no Reino Unido. Um território que atingiu um novo máximo histórico no verão passado.

Algumas partes da Grã-Bretanha ultrapassaram os 40 graus, em Julho, um novo recorde que levou o serviço meteorológico do país a emitir um alerta sem precedentes. Segundo as autoridades, doenças e morte podem ocorrer mesmo entre pessoas saudáveis. A mortalidade é maior entre os idosos e os muito jovens.

"Em particular no norte da Europa, no Reino Unido, Dinamarca e norte da Alemanha, as pessoas ainda pensam que o calor é uma coisa boa, podem sair e divertir-se. É preciso tomar consciência de que se pode desfrutar do calor, mas que isso tem implicações a longo prazo", disse à euronews Vikki Thompson, cientista do Clima, do Instituto Cabot da Universidade de Bristol.

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Período de referência 1991-2020 - Copernicus Climate Change Service implementado pelo ECMWFeuronews

Mulheres são mais afetadas pelo calor do que homens

Dados recolhidos na Europa e na América do Norte mostram que as mulheres são mais afetadas pelo calor que os homens. Não se conhece a causa exata dessa diferença de 15%.

"Segundo as teorias mais aceites, as mulheres têm uma temperatura central mais elevada, pelo que precisam de arrefecer mais, e por outro lado, transpiram menos dos que os homens, o que impediria o corpo das mulheres de arrefecer", explicou a investigadora Vikki Thompson.

A quebra da extensão do gelo marinho

As áreas geladas do nosso planeta estão na linha da frente das alterações climáticas. Em 2022, tanto no Ártico como na Antártida, a extensão de gelo marinho foi inferior à média durante todo o ano. No cume da Gronelândia choveu, em vez de nevar, pelo segundo ano consecutivo. E os Alpes suíços perderam 6% do volume total de gelo restante.

"2022 foi bastante especial na Região Alpina porque tivemos uma combinação de muito pouca neve durante o Inverno e depois temperaturas muito elevadas durante o Verão, ou seja, ondas de calor contínuas. Esta combinação é a pior coisa que pode acontecer aos glaciares, e deu origem a perdas recorde absolutas de gelo nunca vistas”, sublinhou Matthias Huss, especialista do ETH de Zurique.

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Em vários países da Europa houve um aumento da mortalidade devido à onda de calor.euronews

Os dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus

A temperatura na Europa, no mês passado, esteve 0,9 graus acima da média de 1991-2020. Um valor médio que esconde a grande diferença entre o norte e o sul do continente. 

Nas Ilhas Britânicas e na Escandinávia esteve mais frio. A cidade de Reiquiavique, na Islândia, atingiu a temperatura mais baixa desde 1918. 

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Temperatura média anual em 2022 - Período de referência 1991-2020 - Copernicus Climate Change Service implementado pelo ECMWFeuronews

Em torno do Mediterrâneo, as temperaturas estiveram bem acima da média, no mês passado. Para muitos europeus, o mês de dezembro, bastante quente, foi o encerramento de um ano excecionalmente quente. Uma situação que se estende das Ilhas Britânicas até à Península Ibérica e aos Balcãs.

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