Paris vai decidir se as trotinetes elétricas de aluguer são para continuar

Há habitantes que se queixam que as trotinetes bloqueiam os passeios e as ruas
Há habitantes que se queixam que as trotinetes bloqueiam os passeios e as ruas Direitos de autor AFP
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De  Rosie Frost
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A Câmara Municipal de Paris convocou um referendo para perguntar aos habitantes: “Continuamos ou não com as trotinetes elétricas de aluguer?”

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No dia 2 de abril, Paris vai decidir se as 15 mil trotinetes elétricas para alugar vão continuar nas ruas da capital francesa.

A Câmara Municipal de Paris convocou um referendo para perguntar aos habitantes: “Continuamos ou não com as trotinetes elétricas de aluguer?”

Estas trotinetes, que podem ser usadas através de uma aplicação móvel e deixadas em qualquer lugar, tornaram-se um problema que divide a população. 

Alguns habitantes dizem que elas bloqueiam os passeios e as ruas e que são perigosas para os peões.

Outros acreditam que são uma alternativa eficaz e não poluente aos transportes públicos para as pessoas se movimentarem pela capital francesa.

As trotinetes elétricas são perigosas?

Apenas em 2022, a polícia registou mais de 400 acidentes com trotinetes elétricas, em que 459 pessoas ficaram feridas.

Uma investigação desenvolvida no Reino Unido concluiu que os condutores de trotinetes elétricas eram mais propensos a sofrer ferimentos graves do que os ciclistas. O estudo da Queen Mary University of London e do St Mary's Hospital constatou que os pilotos eram menos propensos a usar capacetes e mais propensos a ficarem embriagados.

Em Paris, houve até relatos de pessoas que atiraram as trotinetes elétricas ao rio Sena quando acabaram de usá-las.

A presidente da Câmara Municipal de Paris, Anne Hidalgo, disse estar inclinada para a proibição, mas deixará que as pessoas da cidade decidam por meio do voto.

Christophe Ena/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.
Uma trotinete elétrica a ser usada por duas pessoas em ParisChristophe Ena/Copyright 2023 The AP. All rights reserved.

Por que é que a votação causou polémica?

A Lime, empresa de aluguer de trotinetes elétricas, ofereceu viagens gratuitas de 10 minutos aos utilizadores que se registaram para votar no referendo. Paris é uma das cidades com maior utilização do serviço e os residentes da cidade têm até 2 de abril para se inscreverem no recenseamento eleitoral.

O vice-presidente dos Verdes, David Belliard, responsável pelos transportes e espaços públicos, disse no Twitter que propor “comprar eleitores francamente não é bonito”.

Posteriormente, Belliard esclareceu que a empresa não havia infringido a lei porque a votação não estava sujeita aos mesmos padrões das eleições municipais. Mas Belliard também disse à rádio France Inter que “reduz o debate ao nível dos consumidores”, acrescentando que era entre os utilizadores das trotinetes elétricas e os residentes, bem como a forma como a cidade está organizada.

A Lime diz que a operação é perfeitamente legal e que a sua iniciativa visava incentivar o máximo de pessoas a participar na votação.

Por que é que uma proibição está a ser ponderada?

Belliard também disse à imprensa francesa que a cidade havia ido tão longe quanto podia em termos de regulamentação. Já existem proibições para as utilizar nos passeios, usar telemóveis e usar auscultadores.

Há limites de velocidade em vigor nalgumas áreas. Quem violar essas regras enfrenta multas que podem chegar aos 1.500 euros.

Mas a cidade ainda enfrenta problemas e decidiu realizar um referendo antes da renovação das licenças das três principais operadoras - Lime, Dott e Tier.

Uma proibição em Paris poderia encorajar outras cidades europeias a também começarem a pensar em livrar-se das trotinetes elétricas.

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