El Niño está de volta e vai fazer disparar os alertas meteorológicos

É provável que um El Niño mais forte se desenvolva no final do ano.
É provável que um El Niño mais forte se desenvolva no final do ano. Direitos de autor Canva
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De  Rebecca Ann Hughes com Reuters
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Fenómeno poderá fazer com que o mundo atinja um novo recorde de temperatura média

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O termo El Niño refere-se a um fenómeno climático global em que as águas do oceano Pacífico se tornam mais muito quentes do que a média habitual.

Após três anos de arrefecimento (La Niña), a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) anunciou na passada quinta-feira que o El Niño está agora em curso.

"O fenómeno está normalmente associado a temperaturas recorde a nível global. Ainda não se sabe se isso [o aumento da temperatura média] vai acontecer em 2023 ou 2024, mas penso que é mais provável acontecer", afirma Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus da União Europeia.

O El Niño poderá ter efeitos drásticos, desde ondas de calor abrasadoras a tempestades mais fortes.

O que é o El Niño?

O evento climático é responsável pelo aumento da temperatura global e pelo agravamento das condições meteorológicas extremas.

É causado pelas temperaturas e ventos do oceano Pacífico, que alternam entre o aquecimento (El Niño) e o arrefecimento (La Niña).

Prevê-se já que este ano seja mais quente do que 2022 e seja o quinto ou sexto ano mais quente de sempre.

Os efeitos do El Niño levam meses a ser sentidos, o que pode significar que em 2024 se venham a registar recordes na temperatura.

Como é que o El Niño afeta o clima?

O El Niño empurra a água quente do oceano Pacífico para leste, fazendo com que a corrente pacífica se desloque para sul da sua posição neutra.

O resultado é um clima mais seco e quente no norte dos EUA e chuvas intensas e inundações na costa do Golfo e no sudeste do país.

Na Europa, pode levar a invernos mais frios e secos no norte e invernos mais húmidos no sul.

Durante o fenómeno, a temperatura global aumenta cerca de 0,2 graus Celsius, de acordo com a NOAA.

Isto pode significar a quebra do limite de 1,5 graus Celsius para o aquecimento global, que o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU definiu como o valor máximo para evitar uma "catástrofe climática".

"A probabilidade de, nos próximos cinco anos, termos o primeiro ano a 1,5 graus Celsius é agora de cerca de 50/50", disse Adam Scaife, do Gabinete Meteorológico do Reino Unido.

Assim, o mundo vai enfrentar ondas de calor mais intensas, estações quentes prolongadas e tempestades mais potentes.

A Indonésia e a Austrália irão provavelmente sofrer com um clima mais quente e seco e com uma maior possibilidade de incêndios florestais.

As monções (épocas de grande precipitação) na Índia e as chuvas na África do Sul poderão ser reduzidas, enquanto a África Oriental poderá ter mais chuvas e inundações.

O El Niño também aumenta a atividade dos furacões no Pacífico, o que significa que locais como o Havai correm o risco de ciclones tropicais.

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Como é que o El Niño afeta a vida marinha?

O El Niño também põe em perigo a vida marinha ao longo da costa do Pacífico. 

Em condições normais, um fenómeno conhecido como "upwelling" traz água fresca e rica em nutrientes das profundezas do oceano.

Quando ocorre o El Niño, este processo é suprimido ou completamente interrompido. Isto significa menos fitoplâncton ao longo da costa e, portanto, menos alimento para certos peixes.

Em março, os cientistas descobriram que as temperaturas globais à superfície do mar atingem um nível recorde. O El Niño é suscetível de agravar a situação.

A água mais quente causa igualmente o branqueamento nos recifes de coral, deixando-os em maior risco de morte.

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