A empresa suíça de tecnologia de qualidade do ar IQAir classificou a qualidade do ar em Sarajevo, capital da Bósnia, como "insalubre".
Cancelaram-se voos, recomendou-se às crianças que ficassem em casa e proibiram-se obras ao ar livre em Sarajevo, esta quinta-feira, à medida que uma espessa camada de nevoeiro envolveu a capital bósnia.
Sarajevo enfrenta tradicionalmente poluição grave no inverno, sobretudo devido ao aquecimento doméstico e às emissões dos transportes. A cidade situa-se num vale rodeado de montanhas que podem manter o ar poluído retido durante dias se não houver vento.
Foram cancelados vários voos no aeroporto de Sarajevo, e os carros circulavam lentamente com fraca visibilidade durante a hora de ponta da manhã. Alguns residentes de Sarajevo usavam máscaras faciais como proteção contra o ar tóxico.
Qualidade do ar em Sarajevo considerada "insalubre"
A empresa suíça de tecnologia de qualidade do ar IQAir classificou, esta quinta-feira, a qualidade do ar em Sarajevo como "insalubre". A cidade figura frequentemente no topo da lista global de locais com pior qualidade do ar.
As autoridades proibiram na quarta-feira a circulação de camiões com mais de 3,5 toneladas no centro de Sarajevo, assim como de automóveis e camiões que não cumprem as normas ambientais da União Europeia. Foram também proibidas quaisquer obras ao ar livre, bem como ajuntamentos públicos.
Especialistas alertam que a exposição a PM2.5, partículas finas inaláveis com diâmetro de 2,5 micrómetros ou inferior, tem provocado um aumento de infeções respiratórias, bem como de cancro, doenças cardiovasculares e mortes prematuras em Sarajevo, noutras grandes cidades da Bósnia e no resto dos Balcãs Ocidentais.
"Precisamos de uma solução sistémica"
Enis Krecinic, especialista em poluição do ar do Instituto Estatal de Meteorologia, diz que os níveis de partículas tóxicas em Sarajevo são, por vezes, dez vezes superiores ao que deveriam. Observa que é pouco provável que a situação mude tão cedo.
"Precisamos de uma solução sistémica", afirma, acrescentando que cerca de 40 000 agregados familiares precisam de tempo para "mudar para sistemas de aquecimento alternativos que sejam ambientalmente sustentáveis."
Muitos países dos Balcãs têm um fraco histórico em proteção ambiental, apesar das promessas de melhorar a situação à medida que procuram aproximar-se da adesão à União Europeia. Os rios balcânicos estão frequentemente entupidos de lixo e a reciclagem é quase inexistente, enquanto muitas cidades têm assistido a construção desenfreada que reduz as áreas verdes.
O ar em Belgrado, capital da vizinha Sérvia, também foi considerado "insalubre para grupos sensíveis" esta quinta-feira.