Encenador belga desmistifica jihad para crianças e jovens

Encenador belga desmistifica jihad para crianças e jovens
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De  Isabel Marques da Silva
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Jihad, ou guerra em nome da religião, é um fenómeno político e social que preocupa cidadãos de todo o mundo, sobretudo com os mais recentes episódios de extremismo islâmico. Ismael Saidi, um ex-políci

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Jihad, ou guerra em nome da religião, é um fenómeno político e social que preocupa cidadãos de todo o mundo, sobretudo com os mais recentes episódios de extremismo islâmico.

Ismael Saidi, um ex-polícia belga de origem marroquina que agora é encenador e ator, quis desmontar preconceitos numa peça com esse título, sobretudo dirigida ao público infanto-juvenil.

O enredo narra as contradições vividas por três jovens de Bruxelas que se radicalizaram e partem para lutar no Médio Oriente.

À euronews, Ismael Saidi, diz que os personagens são como pedaços da sua história pessoal.

“Houve uma altura em que também fui idealista e procurei a versão do Islão que nos dita todas as regras, em que tudo é difícil e proibido. Sou fundamentalmente ingénuo, tal como o personagem Reda, o mais parecido comigo. Mas também me senti torturado com dúvidas durante a juventude, tal como acontece com o personagem Ismael. Enquanto filho de imigrantes, não compreendia o que se passava e tentava culpar os outros pelos meus fracassos”, referiu.

O tom é de tragicomédia, misturando a ironia e o ridículo com a gravidade e a comoção para falar de racismo, intolerância, dogmatismo.

Originalmente planeada para cinco exibições no início do ano, em Bruxelas, a peça foi declarada de utilidade pública e o governo belga tem incentivado que se mantenha em cena.

O encenador explica que “percebemos que o que funciona com as pessoas – sejam mais ou menos jovens – é uma abordagem popular. Não propomos uma peça elitista, mas algo muito popular no melhor sentido do termo. Algo que permita às pessoas entenderem o tema, rir e chorar sobre ele. A peça interpela muito as pessoas e visa explicar as coisas”.

A euronews pediu a opinião a alguns membros do público.

“A peça não muda as coisas mas pode ajudar a mostrar uma visão diferente da realidade, uma interpretação diferente da jihad. Partir para lutar na Síria passa a ser visto de uma forma diferente”, disse um jovem.

“Está provado que o Corão não ensina só coisas más, mas também coisas boas. O Corão não diz para fazer a guerra, são as pessoas que inventam essas coisas”, disse outra jovem.

Ismael Saidi diz que “recebemos muitos e-mails de jovens a dizerem que antes não viam as coisas desta maneira, que também tiveram problemas com a família por conviverem com judeus e que não é justo o que dizem deles”.

“Para mim, basta que apenas uma pessoa saia da peça com um sentimento de maior tolerância para eu considerar que é um sucesso”, acrescentou.

Pelo menos 6500 estudantes já viram a peça, que passou por outras cidades belgas e que vai entrar em digressão pela França e a Holanda.

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