A 26 de Abril de 1986, o principal reactor da central nuclear de Chernobyl, cidade localizada na fronteira da Ucrânia com a Bielorrússia, foi
A 26 de Abril de 1986, o principal reactor da central nuclear de Chernobyl, cidade localizada na fronteira da Ucrânia com a Bielorrússia, foi destruído por uma série de explosões que lançaram na atmosfera de toda a Europa nuvens de material altamente radioativo.
Foi o maior desastre tecnológico do século XX. Centenas de pessoas morreram em torno de Chernobyl no momento do acidente e dezenas de milhares nos anos seguintes, a maioria com cancros provocados pela radiação. A Ucrânia foi severamente afetada, mas foi a Bielorrússia que suportou os principais efeitos da catástrofe, apesar de a central não estar instalada no seu território. A Rússia foi contaminada em 0,5% da sua área, a Ucrânia 4,8%, e a Bielorrússia ficou com 23% do seu território contaminado com radionuclídeos de Césio-137.
A radiação espalhou-se pelo mundo. A 29 de Abril de 1986, foi registado um nível elevado de radiação na Polónia, Alemanha, Áustria e Roménia. Em maio, a lista de países afetados já tinha aumentado largamente: França, Bélgica, Holanda, Reino Unido, Israel, Kuwait e Turquia. Em seguida, foram detetadas nuvens de resquícios gasosos no Japão, China, Índia, Estados Unidos e Canadá. O trabalho de descontaminação prossegue em territórios da Bielorrússia e da Rússia.
Impõe-se um questão: quão seguro é hoje o nuclear na Europa? Existem atualmente 72 centrais activas na Europa. Isto significa cerca de 180 reatores nucleares – uma média de um reator por 3 milhões de pessoas. Na França e na Suécia, um reactor por cada milhão de pessoas. As consequências podem ser muito graves: depois de Chernobyl, dezenas de milhares de pessoas estão ainda afetadas.
Muitas centrais nucleares estão velhas, 25 têm mais de 35 anos de existência. O tempo médio de vida de uma central varia entre 25 e 40 anos, dependendo das normas nacionais.
A boa notícia (se é que neste assunto existem “boas” notícias), é que como as centrais antigas são mais difíceis de manter e não são tão resistentes como as mais recentes, 13 dessas centrais antigas vão ter de ser encerradas em breve. A notícia menos boa é que algumas centrais nucleares operacionais são consideradas problemáticas, altamente perigosas. A energia nuclear é um assunto polémico, as opiniões muitas vezes estão condicionadas pelos interesses em jogo. Em termos de segurança, existem porém situações limite: algumas centrais estão velhas, outras apresentam falhas ou têm defeitos de construção, há centrais que foram construídas em zonas propensas a inundações ou terremotos.
Há novos reatores e centrais nucleares planeadas ou em construção na Europa. A história da Europa nuclear está portanto longe de terminar.
Neste episódio de Insiders vamos até à Ucrânia, para ver como o país está a lidar com as consequências de Chernobyl e com a energia nuclear. Vamos também até Beznau, na Suíça, a mais antiga central nuclear ativa no mundo.
Ucrânia: Há vida depois de Chernobyl?
A Ucrânia está segura, depois de Chernobyl? Uma reportagem de Sergio Cantone leva-nos a Kiev. No fundo do lago artificial nas proximidades da capital ucraniana foram detetados radionuclídeos. A herança de Chernobyl está viva.
### Suíça: A mais antiga central nuclear ativa
A Suíça produz cerca de 40% da sua energia graças às cinco centrais nucleares instaladas no país.
Pouco depois do acidente nuclear de Fukushima, há cerca de cinco anos, o governo suíço anunciou a intenção de encerrar as centrais. Em março, a câmara baixa do parlamento fez um passo atrás e renunciou a qualquer limitação no período de atividade das centrais. Apenas a central de Mühleberg tem um prazo de funcionamento. A entidade gestora, Forces Motrices Bernoises (FMB) anunciou recentemente que a unidade será desativada em dezembro de 2019.
A reportagem de Hans Von Der Brelie leva-nos à central nuclear de Beznau, onde uma das duas unidades foi temporariamente encerrada quando foram encontradas quase mil fissuras no interior do reator número 1. Moradores e ambientalistas não querem que volte a funcionar.