O Partido do Islão, na Bélgica, já está a preparar-se para as eleições autárquicas, dentro de seis meses, divulgando as suas duas principais propostas. Uma é usar o livro sagrado do Corão para reger a vida civil e a outra é separar homens e mulheres nos transportes públicos.
O Partido do Islão, na Bélgica, já está a preparar-se para as eleições autárquicas, dentro de seis meses, divulgando as suas duas principais propostas.
Uma é usar o livro sagrado do Corão para reger a vida civil e a outra é separar homens e mulheres nosm transportes públicos.
"É realmente uma boa ideia fazer essa separação, porque há homens que assediam sexualmente mulheres nos autocarros e também há mulheres que assediam homens ", disse Sarouj Mohammed, residente em Bruxelas.
Outra residente, Ann Gilles-Goris, considera que "uma sociedade constrói-se fazendo pontes, unindo as pessoas, permitindo que elas convivam no quotidiano. Se começarmos a separar homens e mulheres, acho que vamos no sentido errado."
O Partido do Islão considera as suas propostas compatíveis com a constituição da Bélgica, apesar de o país ser laico e a lei proibir qualquer tipo de exclusão ou discriminação com base no género.
Sobre a questão dos transportes, o presidente do partido, Abdelhay Bakkali Tahiri, disse à euronews que "é um projeto que nasceu por causa dos pedidos de várias mulheres que se sentem importunadas, que sofreram abusos porque há pessoas que são muito mal-educadas, são perversas, diria mesmo. É um sistema que funciona muito bem no Japão, ou há carruagens exclusivamente reservadas para as mulheres na hora de ponta".
Vários políticos belgas, incluindo Theo Francken, secretário de Estado para o Asilo e a Migração, dizem que este partido deve ser banido, apesar de já ter participado nas eleições de 2012, elegendo dois membros em duas freguesias de Bruxelas.
O cientista político Hasni Abidi, diretor do Centro de Estudos e Investigação sobre o Mundo Árabe e Mediterrâneo (CERMAM), considera que "este partido está a navegar a mesma onda que outros partidos populistas e nacionalistas, sejam de extrema-direita ou de extrema-esquerda".
"Não podemos proibir um partido político mesmo que este partido defenda ideias extremas, porque o espectro político tem espaço suficiente para todos os partidos", acrescentou.
De acordo com o censo de 2016, a Bélgica tem sete por cento de muçulmanos entre a sua população de 11 milhões de pessoas.