Eleições na era digital exigem educação sobre manipulação

Como evitar que as campanhas eleitorais na Europa sofram interferências de propaganda externa? O tema foi debatido numa conferência sobre os riscos eleitorais na era digital, organizada pela Comissão Europeia.
Penso que é preciso capacitar os cidadãos e a sociedade civil para identificarem a manipulação
Analista, Rasmussen Global
Os especialistas antevêem maior sofisticação na disseminação de informações falsas e propaganda extremista, recorrendo a algoritmos que criam ficheiros de vídeo e áudio muito difíceis de detetar.
"A má notícia é que é realmente difícil para as pessoas comuns fazerem a distinção. Quando não se é um especialista, é realmente difícil perceber se o vídeo é real ou uma adulteração, especialmente quando é visto na Internet, onde a qualidade é pior devido à compreensão do ficheiro. A boa notícia é que se pode usar nova tecnologia informática para detetar quais são os vídeos reais e os falsificados", disse Matthias Niessner, professor na Universidade Técnica de Munique.
Os avanços na tecnologia são uma faca de dois gumes e a mensagem política está entre a mais utilizada para ludibriar cidadãos, havendo pouca aposta na chamada literacia mediática. São precisos mais esforços para educar a população, considera Fabrice Pothier.
"Acreditamos que essa será a próxima fronteira na manipulação de informações. Penso que é preciso capacitar os cidadãos e a sociedade civil para identificarem a manipulação e saberem como pode ser feita", explicou o analista do centro de estudos Rasmussen Global, em Bruxelas.
"As pessoas precisam de ter as ferramentas para aprenderem a desmistificar essas manipulações. Da próxima vez que virem algo no YouTube vão interpretá-lo à luz de uma nova mentalidade de cidadão consciente que não acredita em tudo o que vê", acrescentou Fabrice Pothier.
Os dispositivos de informação podem também ser atualizados com filtros que detetam de forma mais sistemática os vídeos falsos.