Autoridade Palestiniana pede intervenção diplomática da UE

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De  Isabel Marques da Silva
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Na semana em que Israel tentará formar um novo governo, a Euronews analisa o papel da União Europeia na Cisjordânia, para onde viajou a enviada especial Isabel Marques da Silva, convite da representação do bloco para a Palestina.

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Na semana em que Israel tentará formar um novo governo, a Euronews analisa o papel da União Europeia na Cisjordânia, para onde viajou a enviada especial Isabel Marques da Silva, a convite da representação do bloco para a Palestina. Qual poderá ser o papel europeu, no momento em que os EUA se preparam para apresentar um plano que se afasta da solução de dois Estados?

A educação é a "trave mestra" de um futuro Estado palestiniano, disse Marwan Awartani, ministro da Educação da Autoridade Palestiniana, na inauguração de uma escola na aldeia de Al O'qban, na região de Belém, na Cisjordânia.

Esta é uma das muitas infra-estruturas financiadas pela União Europeia, que é o principal doador de ajuda ao território, desde que, em 2018, os EUA cortaram a ajuda à agência das Nações Unidas nos territórios e à Autoridade Palestiniana.

"O bem-estar das nossas crianças, a nível físico, mental, emocional, espiritual, é um verdadeiro desafio. As condições em que vivemos e as dificuldades que as crianças sofrem quotidianamente são um verdadeiro desafio para os pais, por o sistema escolar e para a comunidade porque têm de lidar com traumas e vários problemas sociais e psicológicos", disse o ministro.

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A apenas alguns quilómetros da escola e do principal posto de controle entre Jerusalém e Belém, fica o campo de refugiados al-Ayda, parcialmente cercado pelo muro que separa Israel da Cisjordânia.

Após uma das incursões regulares do exército israelita, o filho de sete anos de Ali Eid Abuaker passou seis dias na prisão, o que o fez recordar uma experiência similar quando tinha 14 anos.

"Quando fui para a prisão, puseram-me numa cela de um metro por um metro, como se fosse a campa no cemitério, onde fiquei três meses e dez dias. Agora, tenho problemas em todo o corpo", afirmou o refugiado palestiniano.

Allegra Pacheco ajuda a superar essas experiências traumáticas enquanto líder da unidade de proteção criada pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), que administra o campo desde 1950.

"Muitas vezes, os soldados usam bombas sonoras, disparam gás lacrimogéneo, procuram ruas específicas para fazer as detenções. Algumas crianças são detidas e libertadas no dia seguinte. Outras são detidas e enviadas para detenção administrativa, que é uma forma detenção sem acusações e onde podem ficar meses", explicou Allegra Pacheco.

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Uma nova coligação na comunidade internacional?

Mas, além do apoio humanitário, a Autoridade Palestiniana pede à União Europeia que retome o protagonismo diplomático para resolver o conflito.

"Quero pedir à Europa que assuma a liderança no estabelecimento de uma coligação para acabar com a ocupação, dentro dos parâmetros previstos na solução de dois Estados. Se o presidente Trump não perceber esta realidade, estará condenado ao fracasso", afirmou Mohammad Shtayyeh, primeiro-ministro da Autoridade Palestina, durante uma conferência de imprensa com os jornalistas europeus.

A última frase de Shtayyeh refere-se ao chamado "Acordo do Século", um plano do governo dos EUA para relançar o processo de paz através de investimento maciço nos países árabes onde vivem refugiados palestinianos.

O governo de Israel argumenta que todas as potências árabes da região precisam, claramente, de assumir o direito de Israel a existir como Estado, o que ainda não acontece, como o explica um académico israelita especialista em Ciência Política.

"O debate sobre os eventuais detalhes específicos desse plano é, em grande parte irrelevante, porque não haverá a implementação da solução de dois Estados nos próximos anos. Isso não vai acontecer. A pergunta a fazer é: Que podemos fazer, de forma prática, para tornar esse resultado mais provável?Trazer os Estados Árabes do Golfo para o diálogo e melhorar as relações de Israel com eles é algo que Israel pode aceitar. Em troca, Israel poderia proporcionar maior liberdade de movimento, congelar a expansão dos colonatos e dar ao governo palestiniano maior controlo de partes da Cisjordânia que ainda estão sob controlo civil israelita", disse Jonathan Rynhold, professor da Universidade Bar-Ilan, em Telavive.

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Colonatos em expansão

Uma das maiores expansões de colonatos israelitas decorre em Jerusalém, que o governo de Israel declarou como capital. Isto, apesar dos palestinianos reivindicarem a parte oriental da cidade para a sua futura capital.

Nos bairros palestinianos da cidade, os despejos são uma prática comum. A família Al Sabbagh perdeu uma batalha judicial de 35 anos, até ao Supremo Tribunal de Justiça, e pode ser posta nas ruas a qualquer momento.

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"Não esqueceremos o que eles fizeram, não apenas à minha família, mas também a outras famílias deste bairro, em toda a Jerusalém. Não esqueceremos, não há solução para o nosso problema", disse Mouhamad Al Sabbagh, habitante palestiniano de Jerusalém com estatuto de refugiado.

Um beco sem saída reforçado pela mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém em 2018, que quebrou um precedente diplomático de 70 anos.

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