A campanha eleitoral na Eslováquia tem espelhado as tensões que marcam o país desde o assassinato, há dois anos, de um jornalista que denunciava casos de corrupção nas instituições públicas.
Os eslovacos serão chamados a votar nas eleições legislativas a 29 de fevereiro e o trabalho de investigação do jornalista Jan Kuciak, que foi assassinado (bem como a sua noiva), a 21 de fevereiro de 2018, abriu uma discussão que está no centro da campanha eleitoral em curso.
"A investigação dos assassinatos de Jan Kuciak e Martina Kuschnirova trouxe muitas informações sobre o facto do Estado eslovaco estar a funcionar como um sistema cleptocrático, com pessoas a usarem práticas de estilo mafioso para enriquecerem. Isso faz-me recordar os momentos mais sombrios na história da região dos Balcãs quando a máfia controlava a governação dos países", disse Viktoria Jancosekova, analista no Centro de Estudos Europeus Wilfried Martens.
O primeiro-ministro socialista Peter Pellegrini assumiu o cargo poucas semanas após o crime e recandidata-se, mas as sondagens não lhe auguram um bom resultado. Os 24 meses de governo não lograram acalmar os receios sobre a saúde da democracia eslovaca.
"Nas eleições legislativas anteriores, a questão do Estado de direito não era um problema sobre o qual se debatia, a discussão era sobre a economia e a migração. Nestas eleições, o Estado de direito está no topo, no centro do debate. O assassinato abriu uma espécie de caixa de Pandora que permitiu ao povo eslovaco ver a extensão dos problemas ao nível do Estado de direito, nomeadamente a falta de independência do sistema judicial e o nível de corrupção no país. O Estado de direito é agora um dos temas mais importantes da campanha eleitoral na Eslováquia", referiu Jakub Jaraczewski, analista no Reportar a Democracia Internacional.
Disparidade salarial
Neste programa destacamos, ainda, a exigência da Confederação Europeia de Sindicatos para que seja apresentada uma nova diretiva sobre Transparência Salarial, no âmbito da Estratégia de Igualdade entre Homens e Mulheres a apresentar pela Comissão Europeia, na próxima semana. O salário das mulheres é, em média, 16% inferior ao dos homens, na União Europeia (em Portugal é de 17,5%).