Poluição do ar diminuiu, mas anterior exposição fragiliza doentes com Covid-19

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De  Isabel Marques da Silva
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A poluição do ar é o maior risco ambiental para a saúde dos europeus, de acordo com a Agência Europeia do Ambiente, e os habitantes das cidades que têm doenças causadas ou agravadas por este tipo de poluição estão a ter mais dificuldade em reagir à Covid-19.

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A poluição do ar diminuiu nas áreas urbanas de alguns países europeus que decretaram o confinamento da população em casa para conter a pandemia por coronavírus, de acordo com as imagens de satélite do Sentinel-5 do programa Copérnico (sistema europeu de observação da Terra por satélite).

Cidades como Bruxelas, Paris, Madrid, Milão e Frankfurt mostraram uma redução dos níveis médios de dióxido de nitrogénio, entre 5 e 25 de março, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Esta é uma boa notícia, considerando que a poluição do ar é o maior risco ambiental para a saúde dos europeus, de acordo com a Agência Europeia do Ambiente.

Contudo, os habitantes das cidades que têm doenças causadas ou agravadas por este tipo de poluição estão a ter mais dificuldade em reagir à Covid-19.

“Está estabelecido cientificamente que a poluição do ar afeta a saúde cardiopulmonar e a resposta do sistema imunitário", disse Vincent-Henri Peuch, Diretor do Sistema de Monitorização da Atmosfera do Copérnico, num comunicado de imprensa, esta quarta-feira.

Aqueles que vivem em cidades poluídas poderão ter maior dificuldade em enfrentar os imapctos da Covid-19, alertou, também, a Aliança Europeia de Saúde Pública (AESP), num artigo publicado a 16 de marco, onde afirmava que a poluição do ar pode causar hipertensão, diabetes e doenças respiratórias, condições que os médicos têm associado a taxas mais altas de mortalidade por Covid-19.

Nesse artigo, a AESP menciona um estudo de 2003 sobre vítimas da SARS (Síndrome Respiratório Agudo, causado também por um coronavírus), que constatou que pacientes em regiões com níveis moderados de poluição do ar tinham 84% mais probabilidades de morrerem do que aqueles que viviam em regiões com baixa poluição do ar.

“A qualidade do ar urbano melhorou no último meio século, mas as emissões dos veículos a diesel continuam a ser um sério problema. Pacientes com doenças pulmonares e cardíacas crónicas causadas ou agravadas pela exposição prolongada à poluição do ar são menos capazes de combater infecções pulmonares e mais propensos a morrer. Provavelmente, também é o caso do Covid-19', disse Sara De Matteis, professora de Medicina do Trabalho e Ambiental da Universidade de Cagliari, em Itália.

"Ao reduzir os níveis de poluição do ar, podemos ajudar os mais vulneráveis na luta contra esta e qualquer possível pandemia futura", acrescentou  a especialista, que também é membro da Sociedade Europeia de Respiração, associada da Aliança Europeia de Saúde Pública.

Por outro lado, o Serviço de Alterações Climáticas do programa Copérnico tem outra linha de investigação para ajudar os especialistas em saúde a explorar como é que a temperatura e a humidade afetam a propagação do vírus no ar.

"Ainda não sabemos se o clima é um fator importante ou não, mas é nossa responsabilidade fornecer o acesso a essas informações, porque podem ser úteis para aprender mais sobre o coronavírus e poderão ajudar as autoridades a implementar medidas eficazes", explicou Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Alterações Climáticas, no comunicado de imprensa do Copérnico desta quarta-feira.

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