"Estado da União": Tensão social, corrida científica para travar pandemia

"Estado da União": Tensão social, corrida científica para travar pandemia
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De  Isabel Marques da SilvaStefab Grobe
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A tensão social nos bairros de Paris e uma entrevista com Mariya Gabriel, comissária europeia para Inovação, Investigação, Cultura e Juventude, sobre a gestão da crise na União Europeia, são dois destaques na revista semanal da atualidade europeia.

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Os governos da União Europeia estão a debater quando começarão a aligeirar o confinamento devido à pandemia Covid-19, mas a paciência das pessoas está a diminuir. Em França, a impaciência transformou-se em violência ao longo de várias noites, nalguns subúrbios pobres de Paris, com confrontos entre manifestantes e polícia. Esse é um dos temas em destaque no programa desta semana.

Na origem da tensão esteve um acidente entre um motociclista e um carro da polícia descaracterizado. Naturalmente, as rígidas regras de confinamento para combater a Covid-19 aumentaram as tensões sociais.

Os bairros densamente povoados por minorias são territórios difíceis, mesmo nas melhores circunstâncias. Sob confinamento e com perspectivas económicas terríveis, esses bairros podem tornar-se barris de pólvora.

No início da crise, as instituições da União Europeia foram apanhadas de surpresa, pois a saúde pública é do domínio soberano dos Estados-membros. Entretanto, a Comissão Europeia foi revendo a sua posição, concentrando-se em facilitar a cooperação e a coordenação entre os 27 países.

Stefan Grobe entrevistou Mariya Gabriel, comissária europeia para Inovação, Investigação, Cultura e Juventude, sobre a gestão da crise na UE.

Stefan Grobe/euronews: A Comissão Europeia colocou a investigação no setor da medicina no centro de suas prioridades na luta contra a Covid-19, distribuindo centenas de milhões de euros. Na sua perspectiva, a que distância estamos de obter um tratamento eficaz ou uma vacina?

Mariya Gabriel/comissária europeia: Se estivéssemos a trabalhar numa vacina em condições normais, levaria anos. Mas agora temos à nossa disposição os instrumentos que nos permitem progredir a uma velocidade vertiginosa. A partir desta semana, disponibilizamos uma plataforma europeia de partilha de dados e através dela os investigadores podem trocar informação em tempo real: dados clínicos, estudos sobre proteínas ou sequenciação de ADN. Isso permite trocar muita informação e progredir mais rapidamente.

Stefan Grobe/euronews: Há uma crescente polémica sobre o suo de aplicações nos telemóveis para localizar as pessoas em risco de infeção pelo novo coronavirus. Os governos querem usar essas aplicações para conter a pandemia, mas os críticos alertam para a possível violação do direito de privacidade. Qual é sua opinião?

Mariya Gabriel/comissária europeia: Qual é uma das primeiras lições que esta crise nos ensinou? Que precisamos de uma abordagem europeia comum e que é importante que os Estados- membros tentem resolver a crise juntos, usando meios diferentes, e não se vire cada um para seu lado. A nossa mensagem para os operadores de serviços de telemóvel é muito clara: as aplicações devem ser usadas por um período limitado - ou seja, só durante a crise - e os dados devem ser anónimos para proteger a privacidade de cada pessoa. Tem de haver transparência quando se trata de usar aplicações.

Stefan Grobe/euronews: Uma indústria que está a ser particularmente afetada é a das artes e do entretenimento, todo o setor cultural em geral, onde há muitos trabalhadores independentes, sejam atores, músicos, realizadores, etc. O que é que a Comissão Europeia pode fazer para os ajudar?

Mariya Gabriel/comissária europeia: A nossa mensagem é que estamos aqui para os apoiar. Em primeiro lugar, estabelecemos 30 esquemas que estão disponíveis para os Estados-membros usarem com flexibilidade também no setor cultural. Digo-lhes, também, que vamos superar isto juntos. A cultura foi sempre crucial para fomentar o espírito positivo, a imaginação e a inspiração para ultrapassar os momentos mais difíceis.

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