Merkel: "O nacionalismo não significa maior controlo"

Angela Merkel apelou ao espírito de solidariedade durante a apresentação das linhas de orientação da presidência alemã da União Europeia, diante dos eurodeputados, reunidos, quarta-feira, em sessão plenária, em Bruxelas.
Sem surpresa, a chanceler voltou a apelar ao rápido consenso sobre o plano de recuperação económica que deverá contar com um fundo de 500 mil milhões de euros via crédito no mercado financeiro.
"Não devemos ser ingénuos. Em muitos Estados-membros, os inimigos do projeto europeu estão à espera de lucrar com esta crise. Temos que mostrar a todos o valor agregado da Europa, trabalhando juntos na União Europeia. Temos que demonstrar que o nacionalismo não significa maior controlo, mas menor controlo e que somente na atuação conjunta podemos proteger e fortalecer a Europa", disse Merkel.
A maioria das bancadas apoiaram o programa apresentado para este segundo semestre, no qual se vai aprovar o orçamento para os próximos sete anos. Mass houve apelos a melhores mecanismos de controlo na distribuição de financiamento.
"Muitos líderes europeus continuam a torpedear este projeto e tudo o que ele representa. O exemplo perfeito é o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, que também é membro de sua família política, mas não é o único. Cara chanceler, chegou o momento de pressionar aqueles que querem reverter o curso da história, começando por condicionar o acesso aos fundos europeus ao respeito Estado de direito", disse dacian Ciolos, eurodeputado romeno e líder da ala liberal.
Como há muitos Estados-membros que não querem contribuir mais para o orcamento da União Europeia, foi pedido a Merkel que lutasse por novas fontes de receita, tais como um novo imposto sobre o setor digital.
"A Alemanha deve parar de bloquear projetos importantes no Conselho que reúne os líderes europeus. Além do novo imposto digital, também deve exigir-se relatórios sobre os lucros das multinacionais em cada um dos países por forma a combater a evasão fiscal por parte dessas grandes empresas", disse Martin Schirdewan, eurodeputado alemão da esquerda radical.
A próxima cimeira da União está marcada para 17 e 18 de julho, com a presença física dos líderes em Bruxelas pela primeira vez desde os confinamentos decretados em medados de março.
"Esta crise é completamente diferente, não foi causada por nenhum país, surgiu por causa de um vírus que apareceu do nada, não é culpa de ninguém, mas atingiu cada país de uma maneira diferente. Quando algo assim acontece, é preciso ter instrumentos e respostas completamente diferentes. É por isso que peço o apoio ao plano de recuperação ", afirmou Merkel.