"Estado da União": Desafios na política cultural e na cultura política

"Estado da União": Desafios na política cultural e na cultura política
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De  Isabel Marques da SilvaStefan Grobe
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O programa volta a abordar setores que são particularmente afetados pela pandemia de Covid-19, desta vez com um olhar sobre a política cultural, numa entrevista a Ernesto Ottone Ramirez, diretor-geral-adjunto de Cultura na UNESCO.

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Na cimeira da União Europeia, esta semana, foi muito debatido o papel da Europa no mundo. Existem conflitos ao virar da esquina - da Bielorrússia ao sul do Cáucaso -, impasses com a Turquia, China e Rússia, e uma grande dúvida sobre a futura direção política nos Estados Unidos após o primeiro debate para as eleições presidenciais.

Outro tema em destaque no programa é o Estado de direito, com a Comissão Europeia a apresentar o primeiro relatório sobre a situação em todos os Estados-membros, tendo sido muito crítica com a Hungria e Polónia.

O Brexit voltou à ribalta com a decisão do executivo europeu de recorrer à via judicial para lidar com a decisão do Reino Unido de não respeitar à letra o acordo de saída da União Europeia.

O programa volta a analisar setores que são particularmente afetados pela pandemia de Covid-19, desta vez com um olhar sobre a política cultural, numa entrevista a Ernesto Ottone Ramirez, diretor-geral-adjunto de Cultura na UNESCO.

Stefan Grobe/euronews: O impacto da pandeia de Covid-19 no setor cultural é sentido por todo o mundo. Eventos cancelados, teatros e salas de concerto fechadas, artistas a lutarem para sobreviver e muito mais. O que é que mais o preocupa?

Ernesto Ottone Ramirez/UNESCO: É a primeira vez que temos uma crise global no ecossistema cultural. A situação mais difícil é conseguir manter o ganha-pão para as pessoas, já que um terço dos criadores e artistas no mundo não têm dinheiro para viver. É muito complicado imaginar como se poderá aguentar essa situação por mais quatro, seis, oito meses.

Stefan Grobe/euronews: Existe impacto nos profissionais do setor, mas também existe impacto naqueles que consomem, que gostam de cultura. Com o acesso à cultura ao vivo muito dificultado, muitos eventos foram transmitidos na Internet. Isso é bom ou mau?

Ernesto Ottone Ramirez/UNESCO: Nem tudo é preto ou branco. Vimos que uma parte do mundo tem uma grande acessibilidade online e que a usou, pela primeira vez, para desfrutar de algumas áreas culturais. Mas o problema é que 50% da população mundial não tem acesso à Internet, o que é um problema. O que estamos a tentar fazer nalgumas regiões é potenciar o recurso à televisão e à rádio para manter o público informado.

Stefan Grobe/euronews: Sei que muitos ministérios da Cultura têm procurado a UNESCO para obter orientação sobre como lidar com a ruptura do setor cultural. O que lhes responde?

Ernesto Ottone Ramirez/UNESCO: O que estamos a tentar fazer é apresentar todas as boas práticas que já existem em muitos países. Vemos que há muita coisa que se pode partilhar, deve-se dialogar porque há uma grande experiência, não só ao nível nacional, mas também ao nível local, nas cidades.

Stefan Grobe/euronews: Foi ministro da Cultura no Chile, tem formação em gestão cultural. Gostaria de lhe perguntar se esta crise - mesmo que não saibamos, ainda, quando é que vai acabar - pode ser uma fonte de inspiração para o futuro?

Ernesto Ottone Ramirez/UNESCO: Penso que sim e isso é importante. Penso que estamos num momento de viragem nas políticas culturais em todo o mundo. Temos que estar mais preparados, ser mais resilientes, mas também ter esperança de que vamos poder fazer as coisas ainda melhor.

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