Eurodeputados aprovam reforma da Política Agrícola Comum

Reduzir a utilização de pesticidas e atribuir um quarto das terras agrícolas europeias à produção biológica são duas alterações de fundo na Política Agrícola Comum, que absorve um terço do orçamento da União Europeia.
O Parlamento Europeu aprovou, sexta-feira, um pacote de medidas com base em propostas da Comissão Europeia, para serem depois negociadas com os governos dos 27 países.
Entre elas estão aplicar:
- 10% das verbas para proteger a biodiversidade da paisagem rural
- 35% das verbas para medidas que diminiuam os impactos da agricultura no clima
- Pagamentos diretos para produção biológica
A bancada dos verdes, no entanto, queria ainda maior ambição a nível da sustentabilidade ambiental.
“A agricultura contribui, atualmente, para grande parte dos problemas ambientais devido à agricultura industrial e à criação de gado em massa, mas poderia passar a ser parte da solução. A agricultura pode ajudar a absorver gases poluentes nos solos, se se substituírem os fertilizantes artificiais por variantes naturais. É algo com enorme potencial para apoiar a meta de atingir a neutralidade climática, mas essa oportunidade voltou a ser desperdiçada agora", disse Thomas Waitz, eurodeputado austríaco.
Papel do consumidor
A bancada de centro-direita considera que os agricultores sairão beneficiados.
"Às vezes tenho a impressão que em Bruxelas só se fala da agenda ecológica, mas essa não poder ser a única dimensão a ter em conta porque a política agrícola sempre teve uma importante dimensão económica. É preciso alcançar um equilíbrio entre os interesses dos agricultores, por um lado, e os interesses dos consumidores, por outro lado", afirmou Herbert Dorfmann, eurodeputado italiano.
"A propósito, penso que existe uma grande responsabilidade por parte dos consumidores porque não podem estar sempre a exigir alimentos produzidos de forma mais sustentável, porque mais biológica e local, mas depois no supermercado querem encontrar a comida ao preço mais barato que for possível. As coisas não funcionam assim". acrescentou Herbert Dorfmann.
Voto sobre nomes de alimentos
Os eurodeputados rejeitaram uma proposta da agroindústria para impedir o uso de termos associados a carne, tais como hambuguer ou salsicha, nas variantes vegetarianas que usam cereais.
Já nos produtos láteos, a regra é a oposta: não podem ser chamados iogurte ou manteiga se não forem feitos de matéria- prima animal.
Começam agora novas rondas negociais para afinar o uso dos fundos europeus para agricultura, no valor de 336 mil milhões de euros, até 2027.