Desde 2018, a União Europeia concedeu 85 milhões de euros em ajuda humanitária à Bósnia-Herzegovina para lidar com os refugiados do fluxo migratório iniciado em 2015, mas os analistas criticam a UE por não dar o exemplo de como gerir melhor a crise.
A Comissão Europeia anunciou, segunda-feira, que dará ajuda humanitária no valor de 3,5 milhões de euros para os 1700 refugiados que estão sem abrigo adequado no cantão de Una Sana, na Bósnia-Herzegovina.
O executivo comunitário criticou, no entanto, o governo bósnio pelo que considera ser uma "situação inaceitável" e que poderia ter sido evitada se as autoridades deste país da região dos Balcãs tivessem agido rapidamente.
"As autoridades da Bósnia-Herzegovina deveriam comportar-se de forma consonante com um país que aspira a ser membro da União Europeia. As pessoas não podem ser sacrificadas em lutas políticas pelo poder", disse Peter Stano, porta-voz da Comissão.
Desde 2018, a União Europeia concedeu 85 milhões de euros em ajuda humanitária à Bósnia-Herzegovina para lidar com os refugiados do fluxo migratório iniciado em 2015.
Mas analistas politicos especialistas naquela região alertam que as críticas são um pouco hipócritas, considerando que a União tem muitos "telhados de vidro".
"A crítica da União Europeia é justificada, mas não muito credível porque os Estados-membros estão a seguir o mesmo princípio nas ilhas gregas, na fronteira entre a Hungria e a Sérvia ou na fronteira entre a Croácia e a Bósnia. Isto é, tratam mal os migrantes, fazem jogos politicos à custa dos refugiados. A União Europeia seria mais credível se os Estados-membros não tratassem os migrantes tão mal como estes são tratados na Bósnia-Herzegovina", disse Gerald Knaus, presidente da Iniciativa para a Estabilidade Europeia (centro de estudos).
A situação tem vindo a deteriorar-se nas últimas semanas, nomeadamente no Campo Lipa, que ficou destruído num incêndio, na semana passada, deixando os ocupantes sem abrigo, aquecimento ou refeições adequadas.
Os migrantes e requerentes de asilo pretendem passar da Bósnia-Herzegovina para a vizinha Croácia, Estado-membro da União Europeia.