Cuba considera declaração da UE "falsa e manipuladora"

Pouco a pouco, a tensão entre a União Europeia (UE) e Cuba está a subir de tom.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, emitiu um duro comunicado em que apela às autoridades cubanas a abrirem um "diálogo inclusivo" para ouvir a voz dos cidadãos, a respeitarem os direitos humanos e a libertarem presos arbitrários.
A declaração tem como pano de fundo os protestos durante as manifestações realizadas em 11 de julho em todo o país, que Bruxelas acompanha, à distância, com preocupação. Para o bloco comunitário, as manifestações refletem "queixas legítimas" da população perante a falta de comida, medicamentos e acesso à água. Uma situação agravada pela pandemia de Covid-19 que provocou, adicionalmente, reivindicações por "direitos civis e políticos a favor da democracia", refere o documento.
Sem perder tempo, o ministro cubano dos Negócios Estrangeiros recorreu ao Twitter para rejeitar "energicamente" a declaração.
Bruno Rodríguez Parrilla acusou a União Europeia de "mentir e manipular" em relação a Cuba e aconselhou Borrell a "ocupar-se da brutal repressão policial na UE."
Também apontou o dedo ao chefe da diplomacia europeia por "não se atrever a mencionar pelo seu nome o bloqueio genocida dos Estados Unidos, que viola a soberania europeia e lhe impõe as suas leis e tribunais."
Na declaração da União Europeia, sublinha-se que fazem falta reformas económicas internas no país para dar resposta às reivindicações dos cidadãos.
Para os analistas políticos, a Europa exerce pressão em nome de uma abertura das políticas cubanas. No futuro, as relações podem ressentir-se, sublinhou, em entrevista à Euronews, Anna Ayuso, investigadora do Centro de Relações Internacionais de Barcelona: "O que acontecer no futuro vai depender muito do que o Governo cubano fizer. Não acredito que a Europa vá romper as relações ou impor sanções contra o regime, mas as relações esfriarão se a resposta do Governo cubano for endurecer a política de repressão interna, "
Os incidentes deste verão em Cuba são os maiores desde 1994, só que desta vez atingiu-se toda a ilha e não apenas a capital Havana.
Os cubanos pedem mudanças políticas, no quadro de uma grave crise económica agravada pela pandemia de Covid-19.