Primeiro-ministro esloveno sublinhou, em entrevista exclusiva à Euronews, que a União Europeia pode perder terreno na região dos Balcãs Ocidentais por causa do interesse de outros atores
A cimeira União Europeia-Balcãs Ocidentais, que decorreu esta quarta-feira na Eslovénia, terminou com a mensagem implícita de que sonho europeu dos países da região ainda é possível.
O anúncio de um pacote de investimentos e de ajuda de mais de 30 mil milhões de euros é uma boa notícia, mas não basta, no entender do primeiro-ministro da Eslovénia, que invoca a influência crescente da China e da Rússia.
"A União Europeia é o maior investidor na região. É muito importante que os países dos Balcãs Ocidentais apreciem isso, mas existem concorrentes na região. Há também a China, a Rússia e a Turquia. Também se apresentam com o investimento e eles não estão a condicioná-lo. Nós estamos a condicionar as coisas com os padrões europeus, as reformas do Estado de direito, o que está certo, mas apenas se houver luz ao fundo do túnel. Mas se a perspetiva de adesão à União Europeia não for garantida, penso que vamos começar a perder esta competição", sublinhou o primeiro-ministro esloveno Janez Janša, em entrevista à Euronews.
Janša tem sido confrontado acerca do respeito pelos padrões europeus em casa própria. O primeiro-ministro esloveno é acusado de limitar a liberdade de imprensa no país.
Na semana passada, o diretor da Agência de Imprensa da Eslovénia demitiu-se após uma longa batalha relacionada com cortes de recursos humanos e financiamento do governo.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, criticou a abordagem de Janša, mas sublinhou que não compete a Bruxelas intervir nestas matérias.
"De acordo com os tratados, a Comissão Europeia deveria ficar de fora das batalhas políticas, o que acontecia até à Comissão [liderada por Jean-Claude] Juncker. Depois isso mudou e penso que está perto de quebrar o Estado de Direito porque a Comissão [Europeia] tem de ser um mediador honesto, o que não acontece em todos os casos. Věra Jourová [vice-presidente da Comissão Europeia], na minha opinião, está a emitir declarações que são uma clara violação dos tratados", acrescentou o primeiro-ministro esloveno.
Uma acusação impactante do líder do país que assume, neste momento, a presidência rotativa da União Europeia.