Planos de recuperação económica de companhias aéreas, por exemplo, estão novamente reféns da evolução da pandemia
A chegada do Natal é tudo o que companhias aéreas em apuros e passageiros mais desejavam para compensar um ano difícil.
Mas a rápida propagação da nova estirpe do coronavírus, que aterrou na Europa, promete ainda mais turbulência.
Para quem pensa viajar, como Joanna Kaminska, que vive e trabalha em Bruxelas, a variante Ómicron ensombra os planos de passar o Natal em casa.
"Estou um pouco preocupada, é claro, para perceber em que medida é que [isso] vai impactar os meus planos e até que ponto é que vai causar algum tipo de limitação adicional ao movimento. Quero ir à Polónia, a casa, como faço sempre no natal e várias vezes durante o ano. Por isso, planeei tudo com um pouco de antecedência. Especialmente [porque] os bilhetes de avião estão muito caros", sublinhou, em entrevista à Euronews, Kaminska.
Por causa da nova variante, detetada pela primeira vez em meados de novembro em alguns países da África Austral, a segurança e as restrições nas viagens foram reforçadas no seio da União Europeia (UE).
Por outro lado, países como Marrocos juntaram-se a Israel e ao Japão e fecharam as fronteiras a visitantes estrangeiros.
Um golpe duro para a indústria global da aviação, que tem tentado, desesperadamente, recuperar dos efeitos devastadores da pandemia de Covid-19.
"No último ano e meio, trabalhámos arduamente no setor da aviação para restaurar a confiança do consumidor. Seria uma pena que as reações de alguns governos - que não se apoiam necessariamente na ciência - tornassem tudo muito difícil para o setor. Na Europa em particular, o setor de aviação tem sofrido muito com a crise da Covid-19 e muito fez para recuperar", ressalvou Thomas Reynaert, diretor-geral da associação de companhias aéreas europeias Airlines for Europe (A4E).
A A4E entende que as variantes devem ser monitorizadas, mas, por outro lado, considera que o encerramento de fronteiras deve ser uma "medida de último recurso."
Para o setor das viagens e turismo, é tudo uma questão de evitar regras erráticas e de encontrar um equilíbrio.
"Qualquer tipo de incerteza mata o setor. Ninguém quer ir de férias se há medo e incertezas. Nós próprios, a título privado, provavelmente não planearíamos férias sabendo ou não sabendo o que vem a seguir. Penso que o factor importante agora é perceber como vamos equilibrar mobilidade com segurança e saúde", referiu Eduardo Santander, diretor-executivo da European Travel Commission.
Esse equilíbrio é um dilema que preocupa governos de todo o mundo, à procura de formas de tentar recuperar a economia mantendo, ao mesmo tempo, a população saudável.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a proibição geral de viagens não impedirá a propagação da nova variante Ómicron, criando, antes, um "fardo pesado em vidas e meios de subsistência."