Qual é o novo plano espacial da União Europeia e porque é que importa?

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Direitos de autor Pierre Carril/ESA-Pierre Carril
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Bruxelas quer garantir a segurança e a independência da União Europeia (UE) através da própria constelação de satélites usados ​​para as comunicações

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A Comissão Europeia apresentou, esta terça-feira, novas propostas para a terceira grande rede de satélites para complementar os sistemas existentes.

Atualmente existe o Galileo, um sistema de navegação por satélite global, e o Copernicus, usado para a observação da Terra.

Esta nova constelação de satélites garantirá a independência da própria UE no que diz respeito à segurança dos seus sistemas de comunicação, que são altamente dependentes de satélites não europeus que orbitam em torno da terra.

Essencialmente, pretende-se tornar as conexões seguras e confiáveis ​​para os sistemas europeus, desde a gestão do tráfego aéreo e rodoviário até as operações de busca e salvamento no mar e a vigilância militar e de áreas fronteiriças.

Porque é importante?

Num mundo digital cada vez maior, a proteção das redes de comunicação da União Europeia é vital para garantir que a informação não cai em mãos erradas.

O eurodeputado alemão Niklas Nienass, do grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia no Parlamento Europeu, disse à Euronews que isto pode significar, por exemplo, que “[Emmanuel] Macron e [Olaf] Scholz podem comunicar sem o receio de [Vladimir] Putin ouvir a conversa”.

Também é crucial para a resiliência cibernética do próprio bloco, ajudando a evitar ciberataques nos tipos de sistemas mencionados anteriormente.

A proposta pretende igualmente aumentar a conectividade em áreas de importância estratégica como África e o Ártico, onde os pontos negros em matéria de sinal são omnipresentes.

Bruxelas também quer lidar com o problema crescente dos detritos espaciais deixados por outros satélites.

Chama a isto uma abordagem à gestão do tráfego espacial, mas não tem poderes para atuar nesta área de acordo com os tratados da UE, pelo que, de momento, irá avaliar os requisitos em colaboração com os Estados-Membros e as partes interessadas relevantes para ver o que pode ser feito coletivamente.

Que impacto terá na sua vida?

Certamente poderá estar a pensar: porque é que tudo isto me importa? Como é que afetará a minha vida?

A verdade é que os satélites são muito mais importantes para a vida diária do que imagina.

Como parte do plano de Bruxelas, expandir a conectividade além dos sistemas operacionais e governamentais da UE é fundamental.

Por enquanto é apenas uma ideia, mas a Comissão Europeia quer estender a disponibilidade de banda larga de alta velocidade e conectividade ininterrupta em todo o continente, eliminando quaisquer zonas mortas ao longo do caminho.

Dessa forma, todos os cidadãos europeus terão acesso à Internet, em qualquer lugar e em todos os Estados-Membros.

A nova constelação de satélites também fornece um backup para os sistemas Galileo e Copernicus da UE, caso caíssem, o que, segundo Josef Aschbacher, diretor-geral da Agência Espacial Europeia (ESA no acrónimo em inglês), teria sérias consequências na Terra.

"Imagine que os satélites ficariam desligados por um dia. Isso seria um desastre. A previsão do tempo seria muito má. Pode-se dizer que podemos viver com chuva e sol, mas isso tem uma enorme implicação na economia", disse Aschbacher à Euronews.

"A previsão do estado do tempo a partir do espaço contribui com 61 mil milhões de euros em benefícios económicos para a economia europeia. Por isso, haveria enormes impactos económicos na previsão do estado tempo."

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“Navegação - se desligar os satélites de navegação, está claro, a navegação não funciona mais”, acrescentou Aschbacher. “Telecomunicações, mercados acionistas - hoje tudo depende de satélites. Então, sim, já estamos completamente dependentes e essa dependência aumentará no futuro."

E em relação ao custo? De onde vem o dinheiro?

O custo total estimado atualmente é de seis mil milhões de euros, com 2,4 mil milhões de euros provenientes do orçamento da União Europeia, dos Estados-membros e de contribuições da Agência Espacial Europeia.

A Comissão Europeia espera obter o valor remanescente através de investimentos do setor privado.

Mas, como acontece com a maioria dos projetos da UE, as estimativas iniciais são normalmente excedidas. Será que o projeto realmente valerá a pena?

O eurodeputado alemão Niklas Nienass diz que “sim”, desde que não ultrapasse em demasia o orçamento.

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"Atualmente, estamos a falar de um preço de seis mil milhões de euros. Isso pode aumentar dependendo dos serviços que são adicionados, mas seis mil milhões de euros para 440 milhões de pessoas que vivem na Europa, são 13 euros para garantir que todos têm uma ligação decente à Internet", lembrou o eurodeputado.

Quando podemos esperar?

Nienass disse à Euronews que, se Bruxelas agir em conjunto, o novo sistema de satélites poderá estar operacional até 2025.

O cronograma atual fornecido pela Comissão Europeia fala num período de tempo semelhante para o serviço inicial, mas o serviço completo não estará concluído até meados de 2027, no mínimo.

A proposta ainda tem de passar pelo Parlamento Europeu e ser depois negociada pelos Estados -membros, o que pode levar algum tempo.

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