Multiplicam-se apelos a investigação por causa de tragédia de Melilla

Autoridades espanholas e marroquinas são acusadas de violência indiscriminada
Autoridades espanholas e marroquinas são acusadas de violência indiscriminada Direitos de autor Javier Bernardo/Copyright 2022 The Associated Press. All rights reserved.
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O episódio provocou a condenação da comunidade internacional

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Espanha e Marrocos estão no centro das atenções depois de uma tentativa de passagem de fronteira no enclave de Melilla ter culminado na morte de pelo menos 37 migrantes, de acordo com números fornecidos por organizações não-governamentais que trabalham no terreno.

A condenação internacional contra os dois países tem vindo a aumentar, à medida que surgem novos detalhes sobre o massacre e a repressão da polícia.

Eurodeputados, representantes da União Africana e de um comité especial das Nações Unidas exigem um inquérito imediato para apurar as circunstâncias da tragédia.

Cerca de 2 mil migrantes tentaram cruzar a fronteira espanhola de Melilla a 24 de junho. Um fluxo repentino que provocou uma debandada fatal e deixou centenas de pessoas feridas, incluindo autoridades marroquinas e espanholas.

Ainda não está claro quantas pessoas morreram ao cair junto à vala da fronteira, esmagadas ou asfixiadas na sequência de ações tomadas por agentes de controlo de fronteira. As organizações não-governamentais disseram que o número de mortos foi de pelo menos 37, enquanto as autoridades marroquinas falam em pelo menos 23.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, inicialmente disse que a crise tinha sido "bem resolvida", mas os comentários rapidamente provocaram críticas em todo o espetro político, com partidos a descrevê-los como "irresponsáveis", "infames" e "muito infelizes."

Sánchez voltou atrás e disse que não tinha visto as imagens completas.

De forma surpreendente, o primeiro-ministro evitou críticas a Marrocos e, em vez disso, culpou os traficantes e "máfias" que atraíram os migrantes para a fronteira.

Os dois enclaves espanhóis de Melilla e Ceuta são as únicas fronteiras terrestres que a União Europeia tem com o continente africano.

Os críticos também apontam o dedo à política externa de Sánchez: em março, o governo liderado pelos socialistas rompeu com décadas de neutralidade ao apoiar a proposta marroquina para o Saara Ocidental, um território disputado que costumava ser uma colónia espanhola.

Uma das razões por trás da surpreendente reviravolta foi a necessidade de impedir cruzamentos massivos de fronteira, como aconteceu em Ceuta no ano passado. A última crise prova que a questão está longe de ser resolvida.

Um grupo de 51 eurodeputados, principalmente do grupo dos "Verdes" e da Esquerda, pediu à Comissão Europeia para abrir uma investigação formal e apurar as "responsabilidades necessárias."

"A União Europeia não pode continuar a ser cúmplice de episódios como estes, nem de mais violência, por isso pedimos a implementação de uma política migratória baseada no acolhimento, nos direitos humanos e nas rotas legais e seguras, que é a melhor garantia de que estas coisas não aconteçam novamente", escreveram os eurodeputados.

A Comissão Europeia não respondeu a um pedido de comentário.

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, do Chade, denunciou o "tratamento violento e degradante dos migrantes africanos" e exigiu um inquérito imediato. O Comité da ONU de Trabalhadores Migrantes (CMW) disse estar "em choque" com as mortes e fez um pedido semelhante.

Com o aumento da pressão nacional e internacional, a procuradora-geral da Espanha, Dolores Delgado, ordenou a abertura de uma investigação para esclarecer a cadeia de acontecimentos que levou ao massacre.

Veja o vídeo acima para conhecer mais detalhes.

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