Trauma e prejuízos um ano após inundações trágicas na Bélgica

Chênée, na região de Liège, foi uma das áreas mais afetadas pelas inundações do ano passado
Chênée, na região de Liège, foi uma das áreas mais afetadas pelas inundações do ano passado Direitos de autor Valentin Bianchi/AP Photo
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De  Pedro Sacadura
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Chocadas com a tragédia que se abateu sobre o leste da Bélgica muitas pessoas abandonaram de vez a região. Trabalhos de reconstrução estão para durar

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À procura de paz um ano depois da tormenta, muitas comunidades do leste da Bélgica, ainda mal refeitas do trauma, lutam para recuperar das inundações de 2021.

As cheias de julho do ano passado foram um dos episódios mais destrutivos de que há memória no país.

A tragédia provocou a morte de cerca de 40 pessoas e incontáveis prejuízos.

Em Chênée, uma área nos arredores da cidade de Liége fortemente castigada, a sexagenária Marie Bataille (nome fictício), trava uma batalha para reconstruir a casa de toda a vida.

A viver num abrigo temporário, tenta, a todo o custo, evitar deixar-se vencer pelo desespero. Não é caso único.

"Há [muitos] problemas com as companhias de seguros. Algumas pessoas foram quase forçadas a assinar documentos para receber quase nada [de volta]. Eu não quero isso. Perdi tudo. Perdi grande parte da minha vida. Espero que a seguradoras tenham tudo em conta", referiu Marie, em entrevista à Euronews.

"Para mim é muito difícil explicar o que aconteceu. Esta situação não se apagará. Ficará para sempre na minha cabeça. Sempre que chove e quando há um alerta laranja fico stressada, como medo que o nível da água suba", acrescentou.

Virar a página à medida que a poeira assenta nem sempre é fácil.

A somar a isso está a falta de mão-de-obra para os trabalhos de reconstrução, a par dos custos que dispararam, ressalvam grupos de apoio aos sinistrados, a trabalhar no terreno.

"Há muitos problemas adicionais que surgiram. É preciso ter em conta que estamos a sair de uma pandemia, que houve as inundações e que há a guerra na Ucrânia. Esses problemas estão a custar muito dinheiro às autoridades locais. O preço das matérias-primas também disparou", lembrou Charlotte Depierreux, presidente da organização Côté Solidarité.

Um rasto de destruição

Estradas e pontes destruídas e casas engolidas pela água são, ainda hoje, visíveis em toda a parte.

Na localidade de Trooz, com pouco mais de 8 mil habitantes, milhares de pessoas foram afetadas pelas inundações. Muitas deixaram de vez a região, para recomeçar do zero, longe das torrentes de água sem controlo.

Mais a leste, em Pepinster, onde várias pessoas morreram, outras 500 foram embora.

Parte do centro da cidade, durante afetado, teve de ser demolido.

As autoridades locais canalizam agora milhões de euros para reconstruir um futuro melhor.

"Temos trabalhado arduamente com o governo da Valónia para evitar possíveis inundações que possam ocorrer novamente devido às alterações climáticas. Estamos a alargar o leito do rioVesdre e a criar áreas de imersão temporárias para amortecer o impacto quando a água sobe", disse à Euronews o autarca de Pepinster, Philippe Godin.

Um ano depois, as inundações ainda assombram cidades belgas fortemente atingidas como Pepinster, que se recupera e prepara para problemas futuros.

Para os cidadãos está é uma ferida que levará demasiado tempo a curar.

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Na vizinha Alemanha, as inundações foram seguidas de tempestade. Cerca de 170 pessoas morreram.

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