Solar é uma das energias renováveis que ajudam famílias a poupar

Painéis solares em  casas de habitação social na cidade flamenga de Temse (Bélgica)
Painéis solares em casas de habitação social na cidade flamenga de Temse (Bélgica) Direitos de autor Aster
De  Christopher PitchersIsabel Marques da Silva
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A Euronews visitou um projeto numa cooperativa de habitação social em Temse, na Bélgica

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Um projeto que tenta combinar o apoio às famílias mais vulneráveis com o uso de energia de produção mais ecológica está a ser testado na Bélgica. No projetode habitação social na cidade flamenga de Temse, a maioria das famílias pertence a uma cooperativa que instalou painéis solares. O objetivo é produzir a sua própria energia de fonte renovável, não poluente e mais barata.

"Em primeiro lugar, há uma parte da questão que é financeira. Quando os inquilinos precisarem de energia e começarem a usar a que é produzida quando o sol brilha, vão ter benefícios. O governo da região flamenga decidirá sobre as tarifas que terão de pagar por essa energia solar. Mas eles têm certeza de que serão sempre mais baixas do que as tarifas sociais e as tarifas comerciais", explicou Sven Van Elst, gestor da Aster.

"Por outro lado, há, obviamente, um impacto ecológico porque quando produzimos energia solar, mais ecológica, todas as pessoas saem beneficiadas", acrescentou.

Com a ajuda do Banco Europeu de Investimento, a cooperativa Aster pretende construir até 50 mil unidades de habitação social na Flandres, todas com painéis solares.

É o maior projeto deste tipo na região, com um investimento superior a 150 milhões de euros, para instalar 400 mil painéis solares em edifícios similares ao de Temse.

A crise energética agudizada pela seca e pela a guerra na Ucrânia, criou mais interesse por estes projetos.

"Estamos, claramente, a viver uma crise de energia e as pessoas têm medo. Elas não sabem se terão os meios para pagar o aquecimento neste inverno. Também não sabem se poderão acender a luz para os filhos fazerem os trabalhos de casa neste inverno. Portanto, sendo parte do setor de habitação social, devemos absolutamente fazer algo sobre isto", disse Sven Van Elst.

Muitos inquilinos deste projeto estavam a ter dificuldade em fazer face às despesas, mesmo antes do aumento dos custos de energia a que agora se assiste.

Estão preocupados, mas dizem que a energia dos painéis solares será uma ajuda no momento de pagar as contas. "Nos noticiários, fala-se muito sobre o aumento dos custos de energia, logo é algo com nos preocupamos", disse um deles

Entrevista com Adel El Gammal, secretário-geral da Aliança Europeia de Investigação Energética (AEIE)

A euronews entrevistou o especialista em energia Adel El Gammal, sobre a situação geral na UE e para onde se dirige em termos das energias renováveis.

Christopher Pitchers/euronews: A Bélgica e outros países da UE já estão a apostar mais em energias renováveis. Mas será que é a um ritmo suficientemente rápido?

Adel El Gammal/AEIE: Diminuímos o investimento em infraestrutura para os combustíveis fósseis no último ano, o que foi muito bom para a transição. Por outro lado, não investimos ao nível esperado para acelerar a implantação de renováveis, pelo menos com a rapidez necessária. Vemos que há uma nova urgência em substituir o gás, sobretudo se deixarmos de o receber da Rússia, por uma gama de diferentes fontes de energia, incluindo as de fontes renováveis. Verifica-se uma corrida para acelerar a implementação de uma gama de fontes de energia limpa.

Christopher Pitchers/euronews: Como é que a guerra na Ucrânia está a pressionar essa aposta? Está a acelerar ou a atrasar o processo?

Adel El Gammal/AEIE: Por um lado, coloca mais pressão para acelerar a implementação de fontes de energia renováveis. Mas não podemos substituir, de um dia para o outro, os 155 mil milhões de metros cúbicos de gás que importávamos da Rússia, por energia de fontes renováveis. Tentamos, também, diversificar de onde vem o fornecimento de combustíveis fósseis, em particular o gás, e temos de investir também nas infraestruturas de combustíveis fósseis.

Christopher Pitchers/euronews: A Comissão Europeia e os Estados-membros investiram já muito dinheiro do Fundo de Recuperação para o pós-pandemia nesta área. Será suficiente ou, por causa da guerra na Ucrânia, vamos ter que investir mais dinheiro na estratégia para ter um futuro mais ecológico?

Adel El Gammal/AEIE: Não podemos esperar regressar em breve às condições que existiam há um ano ou dois. Esse é um fator. O outro é a crise que tem sido muito esquecida nos debates em curso. Falo, naturalmente, da crise climática. Como exemplo posso dar a recomendação da UE para reduzir a procura de gás em 15%, durante o próximo semestre. Mesmo que todos os outros usos de energia permanecessem estáveis, equivale a um corte que é menos da metade do que precisaríamos para reduzir as emissões poluentes, caso estivéssemos empenhados em cumprir as metas do Acordo de Paris, até 2050.

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