Quem ajudará a Ucrânia a lidar com o buraco no orçamento para 2023?

O presidente ucraniano apela ao apoio para pagar os mais básicos serviços públicos
O presidente ucraniano apela ao apoio para pagar os mais básicos serviços públicos Direitos de autor Markus Schreiber/Copyright 2022 The AP. All rights reserved
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De  Jorge LiboreiroIsabel Marques da Silva
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Espera-se que os países ocidentais, juntamente com instituições financeiras tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, contribuam para o esforço.

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A guerra da Rússia devastou os cofres públicos da Ucrânia, deixando o país com um défice enorme, que requer assistência externa urgente para manter a economia a funcionar.

A devastação generalizada provocada pelas forças russas desencadeou insolvências, fuga de profissionais qualificados, aumento do desemprego, aumento da inflação e uma queda drástica das exportações, diminuindo as receitas fiscais em milhares de milhões de euros.

Uma previsão inicial do Banco Mundial previa uma contração de 35% do PIB da Ucrânia, mas a estimativa agravou-se devido aos contínuos ataques do Kremlin contra infraestruturas cruciais.

O governo tenta encontrar fontes de receitas para sustentar o seu orçamento para 2023, que inclui um défice recorde de 38 mil milhões de dólares (36,9 mil milhões de euros).

O financiamento deverá assegurar que os serviços mais básicos, como os cuidados de saúde e a educação, permaneçam disponíveis aos cidadãos. A compra de fontes de energia e a reparação de sistemas de energia danificados deverao fazer subir muito as despesas.

"Para a Ucrânia, esta é uma quantia insustentável: 38 mil milhões de dólares de défice. Os salários dos professores e dos médicos, os subsídios e as pensões são essenciais", disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky,no mês passado, num discurso numa conferência internacional, organizada em Berlim.

Quem pode contribuir?

Mas face à recessão global, que país está disposto a pagar uma conta tão pesada?

Inevitavelmente, todos os olhos se voltaram para os aliados ocidentais, que se comprometeram, repetidamente, a apoiar a Ucrânia "durante o tempo que for necessário". Por outras palavras, a União Europeia e os Estados Unidos da América.

Bruxelas já apresentou um projeto para desembolsar até 18 mil milhões de euros, em 2023, em empréstimos de longo prazoo, que se traduzirá em 1,5 mil milhões de euros por mês.  A Ucrânia não deverá começar  reembolsar o dinheiro antes de 2033 e as taxas de juro serão cobertas pelos Estados-membros.

Washington está a planear fornecer um montante mensal semelhante, mas através de subsídios, que não precisam de ser reembolsados e ajudam a aliviar o fardo financeiro de Kyiv.

Espera-se que outros países ocidentais, juntamente com instituições financeiras tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, contribuam para o esforço. O FMI tinha estimado que as necessidades financeiras da Ucrânia seriam entre três e quatro mil milhões de dólares, por mês.

"Todos temos de estar atentos à possibilidade de que as necessidades sociais e de infraestruturas possam empurrar as necessidades de financiamento para além deste intervalo, dependendo da evolução da guerra", advertiu a directora-executiva do FMI, Kristalina Georgieva.

A ajuda ocidental, contudo, depende do consenso político e não há consenso entre os Estados-membros da UE. Para o orçamento de 2022 deverão ser transferidos apenas seis dos nove mil milhões de euros e a Hungria manifestou a sua oposição ao pacote de 18 mil milhões de euros para 2023.

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