O que torna o tanque Leopardo 2 tão precioso para a Ucrânia?

Os Leopardos são desenvolvidos por Krauss-Maffei Wegmann (KMW), uma empresa de defesa sediada em Munique (Alemanha)
Os Leopardos são desenvolvidos por Krauss-Maffei Wegmann (KMW), uma empresa de defesa sediada em Munique (Alemanha) Direitos de autor Philipp Schulze/(c) Copyright 2022, dpa (www.dpa.de). Alle Rechte vorbehalten
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De  Jorge LiboreiroIsabel Marques da Silva
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Estes tanques de fabrico alemão apresentam uma vantagem crucial sobre os modelos Abrams M1, dos EUA, e Challenger 2, do Reino Unido, que é a grande quantidade de peças para manutenção.

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Após semanas de crescente pressão política dentro e fora do país, o governo da Alemanha concordou em enviar os tanques Leopardo 2 para a Ucrânia, o que pode representar um ponto de viragem para o país na luta contra a invasão russa.

A decisão prevê o envio de 14 unidades e respetivas munições, bem como providenciar a formação necessária para que sejam usados no campo de batalha. O governo de Berlim permitirá, também, a exportação destes tanques de fabrico alemão por parte de outros países ocidentais que os tenham no seu arsenal e que desejem aderir à coligação internacional de ajuda à Ucrânia.

"Esta decisão segue a nossa conhecida linha de apoiar a Ucrânia da melhor forma possível", disse o chanceler alemão, Olaf Scholz.

Mas o que torna este tanques tão importantes, sobretudo no contexto da guerra na Ucrânia?

Estes tanques são fabricados pela Krauss-Maffei Wegmann (KMW), uma empresa de defesa sediada em Munique, e são utilizados por vários países europeus: Polónia, Espanha, Grécia, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Suíça. Também estão presentes nos arsenais do Canadá e da Turquia.

Tem uma blindagem muito avançada, o que também é importante para quem os manobra. Deixa-se de recear que qualquer disparo cause uma explosão, o que ajuda muito psicologicamente.
Christian Mölling
Diretor do Centro de Segurança e Defesa do Conselho Alemão de Relações Externas

Segundo a KMW, existem quatro modelos de Leopard 2: A4, A5, A6 e a mais recente adição, o A7+, que a empresa descreve como o "tanque de batalha mais avançado do mundo".

A decisão da Alemanha envolverá a versão A6, que tem uma velocidade máxima de 70 km/h, um alcance de 450 quilómetros, um canhão de cano liso de 120 mm e uma metralhadora de 7,62 mm.

"O Leopard 2 tem uma capcidade de disparo de longo alcance, com diferentes tipos de munições, podendo adapatar-se a diferentes alvos. Consoante o que se quer atingir, escolhem-se diferentes tipos de munições. Tem uma blindagem muito avançada, o que também é importante para quem os manobra. Deixa-se de recear que qualquer disparo cause uma explosão, o que ajuda muito psicologicamente", disse Christian Mölling, diretor do Centro de Segurança e Defesa do Conselho Alemão de Relações Externas (DGAP), em declarações à euronews.

Christian Mölling referiu outras vantagens, tais como a rapidez que "dá uma certa vantagem táctica", mas em destaque está o facto de  haver uma grande quantidade de unidades e de peças sobresselentes que permitem uma boa manutenção.

Este fator faz do Leopardo 2 um tanque mais interessante do que o Abrams M1, dos EUA, e o Challenger 2, dos EUA.

"As reservas do Leopardo 2 são muito maiores em ternos de peças sobressalentes para a reparação, manutenção e revisão que precisam de ser feitas. Bastará até retirar peças de outros tanques em uso para reparar os que precisam de peças", disse Mölling.

Ucrânia prepara contra-ofensiva

A Ucrânia estima que precisa de 300 tanques de fabrico ocidental para lançar uma contra-ofensiva que permita empurrar a Rússia para as linhas fronteiriças do pré-guerra.

A KMW diz que estão em funcionamento 3500 unidades Leopard 2 em todo o mundo, mas os países ocidentais querem assegurar-se de que as suas próprias capacidades militares não serão enfraquecidas por causa das entregas ao governo de Kyiv.

"Terá de ser tomada uma decisão muito rápida sobre o reabastecimento. Ao mesmo tempo, terá de se decidir que tipo de tanques poderão fazer a diferença no futuro, o que também é mais complicado devido à guerra na Ucrânia", acrescentou o diretor do Centro de Segurança e Defesa do Conselho Alemão de Relações Externas.

"A sustentabilidade logística numa grande guerra é uma dor de cabeça e pode ser um pesadelo, mesmo para as forças de combate, porque ficam sem esse equipamento se a logística não funcionar", concluiu.

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