Carles Puigdemont, eurodeputado e ex-líder independentista catalão, exige uma "amnistia" e o fim de todos os processos judiciais contra os separatistas catalães para ajudar a viabilizar a tomada de posse do atual chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez.
O antigo presidente do governo autonómo da Catalunha, Carles Puidgemont, exilado na Bélgica após o referendo de 2017, pediu também "respeito pela legitimidade" do movimento independentista daquela provincia espanhola.
"O referendo de 1 de outubro não foi um crime, tal como não o foram a declaração de independência e os protestos maciços contra a repressão e o acórdão do Supremo Tribunal. O abandono da repressão à independência democrática é uma exigência ética e deve ser um abandono permanente", disse Puidgemento, em conferência de imprensa, terça-feira, em Bruxelas.
Carles Puigdemont está a aproveitar o impasse saído das eleições legislativas antecipadas de julho passado. Apesar de ter ter tido mais votos, o candidato de direita, Alberto Núnez Feijóo, poderá não conseguir formar governo de maioria.
Os independentistas da Catalunha poderiam ajudar a reeditar a coligação de esquerda que levou Sánchez ao poder. in 2020. Mas prazo para renogicar é apertado.
"São condições prévias que devem ser cumpridas antes de se esgotar o prazo legal para evitar novas eleições. Naturalmente, se forem aceites, comprometemo-nos a trabalhar para um compromisso histórico com vista a resolver o conflito sobre a próxima legislatura. Só dependem da vontade política", acrecentou o eurodeputado independente.
O primeiro encontro "histórico"
O primeiro passo simbólico aconteceu esta segunda-feira, quando a vice-chefe de governo espanhol, Yolanda Díaz, se reuniu com Puigdemont, em Bruxelas, apesar de Pedro Sánchez, dizer que não o fez em nome do executivo.
Esta foi a primeira vez que um governante espanhol se reuniu com Puigdemont desde a crise independentista, há seis anos.
Entre outros apoios, o Partido Socialista Espanhol, de Pedro Sánchez, precisa dos sete deputados do partido de Puigdemont.
O rival conservador de Sánchez, Alberto Núñez Feijóo, foi convidado pelo rei Felipe VI a apresentar ao parlamento a sua candidatura a líder do governo. Os debates e a votação terão lugar a 26 e 27 de setembro, mas as suas hipóteses são escassas.
Após o esperado fracasso do líder do Partido Popular Espanhol, Sánchez terá dois meses para tentar ser investido. Se não for bem sucedido, serão convocadas novas eleições, provavelmente em meados de janeiro de 2024.