Prepara-se fusão das duas bancadas de extrema-direita no Parlamento Europeu?

O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, está em segundo nas sondagens
O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, está em segundo nas sondagens Direitos de autor Michael Probst/Copyright 2023 The AP. All rights reserved
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De  Vincenzo Genovese
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Os partidos de extrema-direita de vários países da União Europeia (UE), que elegeram eurodeputados, em 2019, estão agrupados em duas bancadas no Parlamento Europeu. Mas face às previsões das sondagens sobre aumento de votos nesta ideologia, será de esperar uma fusão que reforce o seu poder?

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As sondagens sobre as tendências de voto nas eleições europeias (6-9 de junho) indicam que os partidos da extrema-direita estão a crescer por toda a UE e que o próximo Parlamento Europeu poderá ter a maior representação dessa ideologia da sua História. Mas será provável que se prepare uma fusão para reforçar o seu poder?

Atualmente, entre os sete grupos políticos, há dois que agregam partidos de extrema-direita: 

  • Conservadores e Reformistas Europeus (CRE): inclui Irmãos de Itália, no poder liderado pela PM Giorgia Meloni, Vox (Espanha) e Partido Lei e Justiça (Polónia), entre outros (67 eurodeputados, de 16 países)
  • Identidade e Democracia (ID): inclui Reagrupamento Nacional (França), Alternativa para a Alemanha (Alemanha) e Liga (Itália), entre outros (58 eurodeputados, de 8 países)

Nicola Procaccini, co-presidente do CRE, disse à Euronews que não prevê uma fusão: "Não existe essa possibilidade porque, de qualquer forma, somos dois grupos diferentes que têm especificidades políticas. Aquele que presido vem de uma tradição política conservadora, que tem raízes e características diferentes das do ID".

São necessários 23 eurodeputados para formar um grupo político e pelo menos um quarto dos 27 Estados-membros deve estar representado. No caso da extrema-direita, provavelmente, alguns partidos navegarão de um grupo para outro.

Outro factor importante será ver como os atuais partidos populistas não afiliados (ou independentes) se poderão vir a juntar a um dos grupos. O mais relevante é o Fidesz, no poder na Hungria, liderado por Viktor Orbán.

"É o partido no governo de um país da UE e, portanto, estamos bem preparados para trabalhar com eles nesta perspetiva, compreendendo que juntos somos mais fortes na promoção das nossas reivindicações", disse Marco Zanni, presidente do ID, sobre o Fidesz.

Endurecer ou suavizar o tom?

Parece claro que no próximo mandato (2024-2029), os partidos de extrema-direita terão mais poder para influenciar as políticas em Bruxelas. Mas, segundo o especialista Doru Frantescu, isto também poderá levá-los a suavizar as suas posições, em particular o seu lado mais nacionalista.

"São eurocéticos porque sentem que não podem influenciar o processo de tomada de decisão, a partir de Bruxelas. No momento em que fazem parte do jogo, do processo de tomada de decisão, alguns deles - não estou a falar de todos eles, mas de alguns deles - tornar-se-ão menos eurocéticos e querem ser também vistos como pró-europeus", explicou, à euronews, Doru Frantescu, diretor-executivo do EU Matrix, que faz estudos e sondagens sobre partidos políticos europeus.

"Na verdade, muitos deles consideram-se pró-europeus, embora em Bruxelas não sejam vistos como tal", acrescentou.

Portugal não tem eurodeputados nestes dois grupos, mas se as previsões para os resultado do Chega, nas eleições legislativas, em março, se replicarem nas eleições europeias, poderá eleger vários eurodeputados. O líder, André Ventura, tem tido várias reuniões com Marine Le Pen (Reagrupamento Nacional) e Matteo Salvini (Liga), entre outros.

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