Os comentários do antigo presidente dos EUA, Donald Trump, colocaram sob os holofotes uma realidade que há muito tende a ser escamoteada pelos líderes de países europeus: a capacidade de defesa contra um ataque militar depende, sobretudo, da ajuda dessa potência militar.
Donald Trump, candidato a eventual novo mandato presidencial pelos republicanos, disse que os membros da NATO que não gastam 2% do PIB em defesa não merecem contar com a ajuda dos EUA.
Mas muito antes deste comentário, a invasão da Ucrânia em larga escala pela Rússia, há dois anos, já tinha exposto as fragilidades da UE, segundo o analista Mihai Sebastian Chihaia, do Centro de Política Europeia: "Eu diria que faltam capacidades estratégicas muito necessárias, tanto no transporte, como nos satélites, no reconhecimento marítimo e aéreo e na logística conjunta."
As despesas militares dos Estados-membros da UE somaram 240 mil milhões de euros em 2022, similar ao orçamento da China e mais do dobro do da Rússia. Mas o problema é a fragmentação entre os vários países, que ainda não apostam muito em juntar esforços nesta area.
De acordo com dados da Agência Europeia de Defesa, de 2021, menos de 20% dessa verba foi gasta pelos Estados-membros na aquisição conjunta de equipamentos de defesa.
"No que diz respeito às necessidades de curto prazo, é claro que precisamos de reabastecer munições e comprar urgentemente novas capacidades. Mas também temos desenvolver as capacidades europeias no longo prazo", acrescentou Mihai Sebastian Chihaia.
União da Defesa
A chamada “União de Defesa” não é uma política destinada a constituir, a curto prazo, um exército comum aos 27 países da UE, mas sim a melhorar as políticas de produção e aquisição de armamento, a interoperabilidade e treino do pessoal.
Algumas medidas já foram tomadas, nomeadamente legislação para financiar a produção de munições através do orçamento da UE, bem como a criação o de uma unidade de destacamento rápido, com cinco mil soldados de vários países, para missões de manutenção da paz no mundo.
"Quando há uma guerra de agressão na Europa - contra a Ucrânia, - quando há uma guerra híbrida da Rússia contra os Estados-membros da UE, chegou o momento de diminuir o risco de uma agressão contra um de nós. Se não for agora, não sei quando é que a defesa europeia realmente começará a ser levada a sério", disse Nathalie Loiseau, eurodeputada liberal francesa que trabalha em políticas de defesa.
Na recente revisão do orçamento da UE até 2027, foram acrescentados 1,5 mil milhões de euros para o Fundo Europeu de Defesa, a fim de aumentar a produção industrial de armamento.