Partido no poder na Hungria lançou campanha controversa em que coloca figuras da oposição como empregados da Comissão Europeia.
O governo húngaro pôs em marcha uma nova campanha contra a União Europeia antes das eleições de 9 de junho.
Em cartazes gigantes espalhados pelas ruas de Budapeste, as principais figuras da oposição da Hungria estão a ser retratadas como empregados da Comissão Europeia, em especial da presidente Ursula von der Leyen.
Um dos alvos da campanha foi precisamente Péter Magyar, antigo aliado de Orbán, da elite do Fidesz, o partido no governo, e que se tem distinguido nos últimos meses como opositor do Executivo.
Magyar lançou recentemente o seu partido, TISZA, como movimento contra o Fidesz, e disse no início do mês que o governo tinha "traído" os seus eleitores. O novo partido de Magyar deverá participar nas próximas europeias.
"Rio-me destes cartazes que dizem que sou um esquerdista ou um fantoche de Ursula von der Leyen. Nunca o serei", disse Magyar à Euronews. "O partido TISZA acredita numa União Europeia baseada em Estados-membros fortes, juntar-nos-emos à Procuradoria Europeia e os nossos representantes terão assento no Partido Popular Europeu, do qual o Fidesz foi expulso. Procuramos uma relação construtiva mas crítica com Bruxelas", garantiu.
Advogado de formação e diplomata húngaro, Magyar foi casado com Judit Varga, antiga ministra da Justiça do partido Fidesz no Governo. Os meios de comunicação social retratavam a família como uma família conservadora perfeita. Magyar tinha até admitido deixar o emprego para cuidar dos três filhos pequenos.
Mas o casal divorciou-se em março de 2023. Esperava-se que Varga se tornasse deputada europeia em Bruxelas mas, em fevereiro deste ano, Varga e a então presidente húngara, Katalin Novak, demitiram-se depois de a comunicação social ter revelado que tinham concedido um perdão a um homem condenado por encobrir abusos sexuais num lar de crianças.
Menos de um ano após o divórcio e na sequência da demissão que afetou a reputação do governo de Orbán, Magyar tornou-se uma das principais vozes da oposição.
Em abril deste ano, Magyar lançou o partido TISZA. "Vamos ver até que ponto as autoridades têm medo e se vão tentar impedir-nos com meios administrativos", disse Magyar. "As eleições de 9 de junho serão um marco. Se nos mantivermos unidos, nada nem ninguém nos poderá impedir de recuperar o nosso país", disse.