Um veterano da Segunda Guerra Mundial casou-se perto das praias do Dia D da Normandia. Ele tem 100 anos e a noiva 96.
A idade conjunta destes noivos é quase 200 anos. O veterano da Segunda Guerra Mundial Harold Terens e a sua noiva Jeanne Swerlin. de 100 e 96 anos respetivamente, provaram que o amor é eterno ao darem o nó este sábado, numa das praias do Dia D na Normandia, França.
O local da cerimónia foi na elegante Câmara Municipal de Carentan, um dos principais objetivos a conquistar no Dia D, há 80 anos e palco de combates ferozes após o desembarque dos Aliados a 6 de junho de 1944, que ajudou a libertar a Europa da tirania de Adolf Hitler.
Tal como outras cidades e aldeias da costa da Normandia, onde cerca de 160.000 soldados aliados desembarcaram sob fogo em cinco praias com nomes de código, o local é hoje em dia um centro efervescente de recordações e celebrações no 80.º aniversário dos feitos e sacrifícios de jovens, homens e mulheres que, enfeitados com bandeiras, festejaram como se de estrelas de rock se tratassem.
Sobre a cerimónia que uniu estes dois centenários, foi ao som do swing de Glenn Miller e outras melodias da época que muitos dos simpatizantes - alguns trajados com roupas da época da Segunda Guerra Mundial - se alinharam na rua protegida por barreiras que delimitavam o acesso à Câmara Municipal. Uma banda de gaitas e tambores tocaram uma serenata ao casal feliz.
Após ambos terem declarado o esperado “oui” e os votos de casamento, lidos em inglês pelo presidente da câmara de Carentan, o casal trocou as alianças.
“Com este anel, eu desposo-te”, disse Terens. A noiva riu-se e disse: “A sério?”
Com as flutes de champanhe na mão, acenaram por uma janela aberta para a multidão que os aguardava no exterior.
"À boa saúde de toda a gente. E à paz no mundo e à preservação da democracia em todo o mundo e ao fim da guerra na Ucrânia e em Gaza", disse Terens, enquanto ele e a noiva brindavam.
A multidão gritou “la mariée!” - à noiva! - para Swerlin, que usava um vestido longo e esvoaçante de cor-de-rosa vibrante. Terens estava elegante com um fato azul-claro e um lenço cor-de-rosa a condizer no bolso do peito.
O novo casal desfrutou de uma festa muito especial na noite de núpcias: foram convidados para o jantar de Estado no Palácio do Eliseu, no sábado à noite, com o presidente Emmanuel Macron e o presidente dos EUA, Joe Biden.
“Parabéns aos recém-casados”, disse Macron, provocando vivas e uma ovação de pé dos outros convidados durante o brinde que enalteceu a amizade franco-americana. “A cidade de Carentan teve o prazer de acolher o vosso casamento e nós o vosso jantar de casamento”, disse Macron ao casal.
Casamento foi apenas simbólico
O gabinete do presidente da Câmara, Jean-Pierre Lhonneur, disse que não tinha poderes para casar estrangeiros que não residissem em Carentan e que o casal, ambos americanos, não tinha pedido votos juridicamente vinculativos. No entanto, poderiam sempre cumprir essas formalidades na Flórida, se assim o desejassem.
Lhonneur gosta de dizer que a Normandia é praticamente o 51.º estado dos EUA, dada a sua reverência e gratidão pelos soldados aliados e os sacrifícios de dezenas de milhares de pessoas que nunca chegaram a regressar a casa depois da Batalha da Normandia.
“O amor é eterno, sim, talvez”, disse o presidente da Câmara, referindo-se aos recém-casados, embora os seus comentários também descrevam corretamente os sentimentos de muitos normandos relativamente aos veteranos.
O veterano da Segunda Guerra Mundial visitou França pela primeira vez como cabo das Forças Aéreas do Exército dos EUA, com 20 anos, pouco depois do Dia D. Terens alistou-se em 1942 e, após embarcar para a Grã-Bretanha, foi destacado para uma unidade de caça P-47 Thunderbolt de quatro pilotos como técnico de reparação de rádios.
No Dia D, Terens ajudou a reparar os aviões que regressavam de França para poderem voltar à batalha. Segundo ele, metade dos pilotos da sua companhia morreram nesse dia. O próprio Terens foi para França 12 dias depois, ajudando a transportar para Inglaterra os alemães recém-capturados e os prisioneiros de guerra americanos recém-libertados. Após a rendição nazi, em maio de 1945, Terens voltou a ajudar a transportar prisioneiros aliados libertados para Inglaterra, antes de regressar aos EUA um mês depois.
Swerlin deixou bem claro que o seu novo marido centenário não tem falta de sex appeal.
“Ele é o melhor beijoqueiro de sempre, sabiam?” declarou orgulhosamente antes de se abraçarem com entusiasmo para as câmaras de televisão.