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Socialistas só apoiarão von der Leyen se PPE bloquear extrema-direita

Giacomo Filibeck, secretário-geral do Partido dos Socialistas Europeus (PSE)
Giacomo Filibeck, secretário-geral do Partido dos Socialistas Europeus (PSE) Direitos de autor Luis MILLAN/ European Union 2024 - Source : EP
Direitos de autor Luis MILLAN/ European Union 2024 - Source : EP
De  Isabel Marques da SilvaMared Gwyn Jones
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Artigo publicado originalmente em inglês

O secretário-geral do Partido dos Socialistas Europeus (PSE), Giacomo Filibeck, afirmou que a sua família política "não se sentará à mesa" com o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, se este permitir que as forças de extrema-direita definam as prioridades do próximo mandato.

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Giacomo Filibeck disser ser natural que Ursula von der Leyen tenha oportunidade de assegurar um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, já que o PPE ganhou as eleições europeias, mas ela não poderá contar com o apoio do centro-esquerda se continuar a abrir-se às forças radicais de direita.

Von der Leyen tem de ser nomeada pelos 27 líderes do bloco no Conselho Europeu e garantir o apoio de uma maioria absoluta de 361 eurodeputados dos 720 recém-eleitos para conseguir um segundo mandato. O grupo Socialistas e Democratas (S&D) pode oferecer até 135 votos.

"Se nas negociações virmos que o ECR ou a ID estão a desempenhar um papel na definição das prioridades para os próximos cinco anos, então seremos nós, socialistas, democratas e progressistas, a não nos sentarmos à mesa", disse.

"Se, em vez disso, houver abertura para a contribuição dos verdes, dar-lhe-emos as boas-vindas", acrescentou Filibeck.

Os dois grupos de direita mais radicais no Parlamento Europeu - os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) e Identidade e Democracia (ID) - obtiveram mais assentos nas eleições europeias do que tinham em 2019, mas os partidos pró-europeus do centro mantiveram a sua maioria.

Embora as primeiras indicações do PPE sugiram que querem manter-se fiéis aos seus parceiros tradicionais, também se recusaram a excluir a possibilidade de trabalhar com certas forças de extrema-direita, caso a caso.

Filibeck sugeriu que o seu partido procurará obter garantias de que o PPE não formará maiorias "ad-hoc" com forças de direita no próximo mandato, antes de oferecer os seus votos para reeleger von der Leyen no cargo de presidente da Comissão.

"Não pode haver uma maioria institucional para eleger o presidente da Comissão e depois uma maioria política à la carte sobre as diferentes políticas para criar um programa alternativo paralelo", afirmou. "Uma vez que concordarmos que estamos juntos no apoio ao próximo mandato da próxima Comissão, isso significa que também concordamos com as prioridades claras", explicou.

Durante décadas, o Parlamento Europeu aprovou legislação com base nos votos dos três principais partidos do centro, que concordaram em trabalhar em conjunto numa chamada "grande coligação". Os verdes apoiaram essa coligação durante o mandato 2019-2024.

Mas, nos últimos anos, começaram a surgir clivagens profundas entre o PPE e os seus parceiros tradicionais, à medida que tentava diluir leis mais progressistas a nível ambiental, nomeadamente um projeto de lei para recuperar 20% dos domínios terrestre e marítimo degradados da UE, até 20230, que faz parte do Pacto Ecológico Europeu, proposto por von der Leyen.

Pouco antes das eleições de 6-9 de junho, von der Leyen manifestou a sua disponibilidade para colaborar com alguns legisladores do grupo de extrema-direita Conservadores e Reformistas Europeus (CRE), que considera serem pró-europeus, pró-Ucrânia e pró-Estado de direito.

Fontes do grupo PPE afirmam que os eurodeputados eleitos pelos Irmãos de Itália, partido da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e pelo Partido Democrático Cívico (ODS), do primeiro-ministro checo, Petr Fiala, são considerados potenciais parceiros construtivos para o próximo mandato de cinco anos.

Mas isto provocou receios entre as forças centristas e de esquerda de que von der Leyen esteja a desmantelar, lentamente, o chamado "cordão sanitário" que tem contido as forças de extrema-direita.

"O que não é aceitável para nós é a ambiguidade com que o PPE tem jogado durante a campanha e, em certa medida, também a Sra. von der Leyen nos debates públicos (...) quando dá a entender que é possível abrir esta coligação a outras forças", explicou Filibeck.

Alguns partidos pertencentes ao grupo PPE já entraram no governo ou assinaram acordos com partidos da extrema-direita em Itália, na Chéquia, na Suécia e, mais recentemente, nos Países Baixos.

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O presidente do partido francês Os Republicanos, membro do PPE, causou estrondo, na terça-feira, quando indicou a sua vontade de estabelecer uma aliança com a extrema-direita francesa antes das eleições legislativas que o presidente Emmanuel Macron marcou para 30 de junho e 7 de julho.

Temos muitos antigos e atuais primeiros-ministros que têm todas as condições para desempenhar (...) a tarefa de presidente do Conselho Europeu e António Costa é certamente um deles.

Socialistas querem presidência do Conselho Europeu

Numa altura em que os líderes da UE começam a negociar os lugares de topo das instituições em Bruxelas, os socialistas europeus estão de olho na presidência do Conselho Europeu, que reúne os 27 chefes de Estado e de Governo, com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro espanho,l Pedro Sánchez, a representarem o seu partido europeu nas negociações.

A presidência do Conselho é tradicionalmente atribuída a um antigo chefe de Estado da UE com um historial de negociações complexas, como é o casodo atual belga Charles Michel.

Questionado sobre se o ex-primeiro-ministro português António Costa - que foi forçado a demitir-se em novembro passado, num processo de corrupção que envolveu o seu chefe de gabinete - era a escolha preferida dos socialistas, Filibeck disse: "Temos muitos antigos e atuais primeiros-ministros que têm todas as condições para desempenhar (...) a tarefa de presidente do Conselho Europeu e António Costa é certamente um deles".

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Filibecki recusou-se a confirmar se a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, poderia ser outra potencial escolha.

"Como já referi, temos primeiros-ministros atuais e anteriores que podem desempenhar esse papel no interesse de toda a União Europeia", afirmou.

O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, já deu o seu apoio à eventual candidatura do antecessor para a presidência do Conselho Europeu.

A coligação de centro-direita - Aliança Democrática (AD) - ficou em segundo lugar por uma pequena margem nas eleições ganhas pelos socialistas e Montenegro afirmou: "É possível que a presidência do Conselho Europeu seja destinada a um socialista".

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"Se o Dr. António Costa for candidato a esse cargo, a AD e o Governo de Portugal não só apoiarão como farão tudo para que essa candidatura seja bem sucedida", referiu o líder.

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