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Alemanha reduz apoios à Ucrânia, à medida que solidariedade também parece diminuir

As bandeiras da União Europeia, da Ucrânia e da Alemanha antes de um discurso proferido por Volodymyr Zelenskyy, no Parlamento alemão
As bandeiras da União Europeia, da Ucrânia e da Alemanha antes de um discurso proferido por Volodymyr Zelenskyy, no Parlamento alemão Direitos de autor Markus Schreiber/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
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De  Kristina Jovanovski com Euronews
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Na quarta-feira, numa conferência de imprensa, o ministro das Finanças alemão apresentava o OE de 2025 onde estava contemplada uma redução para metade dos apoios militares à Ucrânia. Para a ONG Vitsche esta diminuição também se sente nos donativos.

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Em frente à embaixada russa, em Berlim, ainda sobrevive um memorial para a Ucrânia que serve como uma lembrança constante da guerra. Mas apoio da Alemanha aos ucranianos parece estar a sofrer alterações.

Iryna Shulikina, dirigente da ONG Vitsche - organização sediada em Berlim de apoio aos ucranianos - diz ter notado uma queda nos donativos, desde o início da invasão da Rússia até aos dias de hoje.

"Depois de dois anos e meio, de alguma forma as pessoas distanciaram-se mais, querem distanciar-se do sofrimento e da dor da guerra. E a ajuda diminuiu definitivamente", diz Iryna Shulikina.

Uma sondagem divulgada em janeiro, feita para a ARD DeutschlandTrend, revelou que a maioria dos alemães não espera que a guerra na Ucrânia termine em 2024 nem que diminua o apoio à adesão da Ucrânia à União Europeia e à NATO.

53% dos alemães consideram que a Ucrânia deve ser admitida na UE a longo prazo (menos 5% em relação a fevereiro de 2023), enquanto 39% são contra. A potencial adesão da Ucrânia à NATO recebe um pouco menos de aprovação: 44% (menos 7%) são a favor da adesão da Ucrânia à Aliança de defesa, 43% são contra.

A Alemanha acolheu mais de um milhão de refugiados ucranianos, desde o início da guerra, e outra sondagem, desta vez da ZDF-Politbarometer, divulgada em junho, revelou que 42% dos inquiridos consideravam que a Alemanha já tinha feito demasiado pelos refugiados ucranianos. Um total de 45% descreve a ajuda a estes refugiados como “suficiente”. Para 7% é “insuficiente”.

Um político do partido irmão dos democratas-cristãos, Alexander Dobrindt, presidente do grupo parlamentar da União Social-Cristã (CSU) no Bundestag, em entrevista ao jornal Bild am Sonntag disse que "os ucranianos desempregados deviam regressar à Ucrânia"

“Agora, mais de dois anos após o início da guerra, o princípio deve ser aplicado: Trabalhar na Alemanha ou regressar às zonas seguras da Ucrânia ocidental”, defendeu.

Dobrindt também criticou o "subsídio de cidadania" que, segundo ele, mantém demasiadas pessoas na segurança social.

E alguns políticos dos democratas-cristãos também acabaram por fazer eco desta opinião, queixando-se da quantidade de dinheiro que os ucranianos estão a receber do governo - e que não há um número suficiente deles a trabalhar.

Redução da ajuda militar

Na semana passada, dia 19 de julho, a Alemanha anunciou que planeia reduzir para metade a sua ajuda militar à Ucrânia no próximo ano.

A ajuda alemã à Ucrânia será reduzida para 4 mil milhões de euros (4,35 mil milhões de dólares) em 2025, contra cerca de 8 mil milhões de euros em 2024, de acordo com um projeto de orçamento para 2025, como apresentado na conferência de imprensa de quarta-feira.

Christian Lindner, ministro das Finanças, deu a entender que a Alemanha espera que a Ucrânia consiga satisfazer a maior parte das suas necessidades militares com os 50 mil milhões de dólares em empréstimos provenientes das receitas dos ativos russos congelados, aprovados pelo G7.

Reação da oposição ao anunciado

Roderich Kiesewetter, do Partido Democrata-Cristão e membro da Comissão Parlamentar dos assuntos externos, disse à Euronews que a redução é “escandalosa”.

“O governo alemão está assim a perder credibilidade como apoiante e a enfraquecer o acordo de segurança com a Ucrânia de fevereiro de 2024, em vez de assumir mais encargos e investir mais na segurança europeia, especialmente tendo em conta os recentes desenvolvimentos nos EUA”, afirmou Kiesewetter numa resposta enviada por e-mail.

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As críticas à redução de efetivos são transversais a todo o espetro político.

Anton Hofreiter, deputado dos Verdes, que preside à Comissão dos Assuntos europeus no Bundestag, diz que a Alemanha deve manter a sua ajuda à Ucrânia e acredita que a totalidade dos 8 mil milhões de euros acabará por ser atribuída quando for aprovada.

“É um problema a nível simbólico porque, à primeira vista, parece que a Alemanha está a reduzir para metade o seu apoio à Ucrânia, no que se refere a dinheiro. No final, tenho a certeza que não o faremos, mas de momento parece que a Alemanha vai fazê-lo e isso é um problema”, disse Hofreiter.

Iryna Shulikina, presidente da Vitsche, considera que os alemães estão a interpretar mal a guerra .

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“Para a Alemanha a guerra parece inacessível, mas a guerra está literalmente aqui ao lado e a Alemanha não é uma ilha algures no meio do nada, estamos muito ligados uns aos outros na Europa”, disse Shulikina.

A Alemanha aumentou as suas despesas com a defesa e diz que esse aumento vai continuar nos próximos anos, embora esteja a enfrentar críticas de que é necessário gastar mais.

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