Associação salienta que apoio político do presidente e primeiro-ministro da China a Meloni incentiva as empresas chinesas a levarem para Itália investimento e conhecimentos especializados na indústria automóvel, setor estratégico na economia italiana.
Pela primeira vez desde 2019, um primeiro-ministro italiano pôs os pés na China. Esta visita constitui um marco importante para Giorgia Meloni, uma vez que se trata da sua primeira viagem à China desde que assumiu o cargo.
O principal objetivo desta visita é relançar as relações entre Roma e Pequim e reforçar a cooperação económica, na sequência da decisão da Itália de se retirar da Iniciativa "Uma Faixa, Uma Rota".
A primeira-ministra italiana assinou um plano de três anos destinado a promover uma parceria estratégica entre os dois países em vários sectores. Impulsionar o crescimento do sector automóvel italiano, reconhecido como uma das indústrias mais estratégicas do país, foi um dos principais propósitos do acordo assinado entre Roma e Pequim.
De acordo com Roberto Vavassori, Presidente da ANFIA, a Associação Italiana da Indústria Automóvel, a visita da primeira-ministra italiana à China é um acontecimento extremamente positivo, que recebeu um apoio político significativo tanto do primeiro-ministro chinês como do Presidente.
"É necessário apoio político para encorajar as empresas chinesas - independentemente das suas capacidades económicas - a investir em Itália", afirma Vavassori, acrescentando que levará algum tempo até que as competências chinesas possam ser transferidas para Itália. "Agora, cabe às empresas italianas preparar o terreno para que isso aconteça", explica.
Os veículos elétricos e as energias renováveis foram alguns dos pontos-chave do acordo. "No âmbito da nova parceria", diz Vavassori, "o objetivo é trazer o fabrico de veículos para a Europa, em especial para Itália, para promover as novas energias e desenvolver veículos elétricos, reforçando ainda mais as capacidades existentes nestas áreas".
Mas, mais importante ainda, Vavassori sublinha que a Itália é o único país europeu com uma lacuna significativa. "Temos um total de mais de 1 milhão de veículos entre os que são comprados e os que são construídos no nosso país", afirma Vavassori, "e só temos um fabricante. Chegou o momento de olhar em frente. Se pensarmos na transição ecológica, precisamos de todas as competências necessárias para tornar todo o sector mais competitivo. Recordemos", continua Vavassori, "a China fabrica, em média, cerca de 27 milhões de veículos. Em Itália, este ano, esse número ascende a meio milhão. Portanto, é evidente que em Itália temos de produzir mais veículos".
À medida que a Itália e outros Estados-membros da União Europeia ajustam as suas relações com a China, e com a imposição de direitos aduaneiros sobre alguns produtos chineses, os especialistas sublinham a dificuldade e a necessidade de a Europa definir a sua política em relação à China.
Silvia Menegazzi, professora assistente de Estudos Chineses na Universidade Luiss, afirma que se trata de um processo contínuo, explicando que a Itália está a utilizar uma abordagem diferente nas suas relações com a China.
"A Itália está mais centrada numa parceria bilateral, enquanto a Iniciativa "Uma Faixa, Uma Rota" se centra num projeto específico que faz parte da política externa da China, com um alcance mais amplo e global", explica Silvia Menegazzi.