NewsletterBoletim informativoEventsEventosPodcasts
Loader
Encontra-nos
PUBLICIDADE

Meloni faz visitas de Estado com a filha: opinião pública divide-se

Presidente chinês Xi Jinping com a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, para uma reunião na Diaoyutai State Guesthouse em Pequim, China, 29 de julho de 2024
Presidente chinês Xi Jinping com a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, para uma reunião na Diaoyutai State Guesthouse em Pequim, China, 29 de julho de 2024 Direitos de autor Vincent Thian/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Vincent Thian/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
De  Ilaria CicinelliEuronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Meloni levou a filha na visita oficial à China e foi criticada por isso. Numa entrevista a um meio de comunicação, Meloni respondeu defendendo a conciliação da carreira com a maternidade, mas logo foi alvo de críticas sobre as medidas do seu executivo.

PUBLICIDADE

Depois de regressar da viagem à China, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni foi alvo de uma onda de críticas. No centro da polémica estavam os que criticaram a sua decisão de levar a filha, Ginevra, consigo na sua visita de Estado a Pequim.

Já em 2022, a primeira-ministra tinha sido criticada pela presença de Ginevra em Bali, durante um encontro do G20, e tinha reiterado com firmeza nas redes sociais: "Tenho o direito de ser mãe como bem entender".

Dois anos mais tarde, perante novas críticas, Meloni defendeu de forma pormenoriza a sua decisão, numa entrevista concedida à revista "Chi".

Na rede social X, Giorgia comentou o sucedido virando-se contra os políticos de esquerda. "Creio que a esquerda não superou o choque de ver que foi a direita quem expressou a primeira mulher primeira-ministra em Itália. Para eles era inimaginável, mas acho que era inevitável. Há uma diferença substancial entre o pensamento conservador e liberal e o pensamento de esquerda: acreditamos que o mérito vem em primeiro lugar, eles pensam que os rótulos vêm em primeiro lugar", escreveu.

Continuou relembrando que a direita conseguiu sempre uma liderança feminina. "Quando se finge ser chefe só porque as cotas assim o determinam, deixa-se de exercer a liderança. É por isso que sempre foi a direita, e não a esquerda, quem expressou os principais papéis de liderança feminina", pode ler-se.

Na entrevista à Chi, Giorgia Meloni afirmou ter o direito de educar a filha como bem entendesse. "Faz-me sorrir que certas pessoas se considerem tão moralmente superiores que possam ensinar a uma mãe como educar a sua filha. Em vez disso, penso que cada mãe sabe o que é melhor para os seus filhos e deve escolher livremente."

Mas não ficou por aqui, abordou também de forma mais geral a questão da maternidade e a escolha constante a que muitas mulheres parecem ser obrigadas a fazer entre a carreira e a família. "Trata-se também de um desafio cultural que diz respeito a todas as mulheres: penso que se eu, que sou primeira-ministra, conseguir provar que o meu cargo é compatível com a maternidade, deixarão de existir desculpas para aqueles que utilizam a maternidade como pretexto para não fazer progredir as mulheres no local de trabalho", disse.

Políticas do governo Meloni que prejudicam as mulheres

Para além da controvérsia sobre a presença da filha em viagens de Estado, muitos comentaram o episódio como uma oportunidade, utilizada por Meloni, para reivindicar o seu papel ao lado das mães trabalhadoras.

Na sua publicação na rede social X, Meloni escreveu que o seu executivo está a construir um mundo em que as mulheres não são discriminadas por serem mães, ou potenciais mães e por isso concentraram muitos dos poucos recursos que nas mães que trabalham. "Um estudo publicado por um grande jornal calcula que graças às nossas medidas uma mãe que trabalha pode ter até 5.700 euros a mais no bolso num ano", escreveu.

Meloni lembrou ainda as medidas que foram aprovadas pelo seu Governo para ajudar nas carreiras das mulheres. "O aumento do subsídio único, o alargamento da licença parental, os benefícios adicionais mais elevados para os trabalhadores com filhos, a gratuidade da creche para o segundo filho e, sobretudo, a isenção fiscal para as mães trabalhadoras, servem todos o mesmo objetivo: construir política em que é vantajoso contratar uma mãe, ou potencial", escreveu.

Atualmente, uma em cada cinco mulheres deixa o mercado de trabalho após a licença de maternidade e, para 52% delas, a decisão é determinada por necessidades de conciliação.

Muitos críticos salientaram que algumas das políticas seguidas pelo governo de Meloni estão entre as mais desvantajosas para as mães trabalhadoras.

A crise na natalidade é uma prioridade para a primeira-ministra que chegou a afirmar que "uma mulher que dá à luz dois filhos faz uma grande contribuição para o país", contudo, críticos lembram que foi Meloni que decidiu afundar a conta sobre a igualdade salarial e aumenta o imposto sobre guardanapos e fraldas.

Na Lei da Família de 2022, a reforma para o apoio das mulheres trabalhadoras e famílias foi votada por unanimidade pelo parlamento e apenas o partido da primeira-ministra, Fratelli d'Italia, se abteve.

Além disso, enquanto estava previsto criar 264.480 vagas para crianças em creches e jardins de infância em 2021 com os fundos do PNRR, o executivo de Meloni reduziu esse número para 150.480. O objetivo europeu seria ter 45 lugares disponíveis para cada 100 crianças, mas muitas regiões da Itália, especialmente no sul, estão longe de atingir esta quota, com casos extremos como a Sicília e a Campânia, onde apenas 10 lugares estão disponíveis para cada 100 crianças.

PUBLICIDADE

As medidas eliminadas pelo governo de Meloni incluem também o aumento da licença parental, com a distribuição equitativa entre mãe e pai; licença paga em caso de doença dos filhos; bónus de educação e despesas de cuidados familiares e outras medidas destinadas a conciliar a vida familiar com o trabalho, para incentivar o emprego das mulheres.

Homens seriam alvo das mesmas críticas?

No passado, já vários primeiros-ministros e chefes de Estado levaram os filhos consigo nas viagens oficiais e, na altura, não se ouviram polémicas sobre o assunto.

Em Itália, foi o caso de Giuseppe Conte que, enquanto primeiro-ministro, levou o filho a uma reunião do G7, em Biarritz, em agosto de 2019.

Já nos Estados Unidos há um longo historial de presidentes que escolheram ser acompanhados em visitas de Estado pelos filhos. A começar por Barack Obama, que levou as suas filhas Malia e Sasha em várias viagens de Estado, como à Índia, Cuba e Argentina.

PUBLICIDADE

Também George W. Bush levou as filhas, Jenna e Barbara, em visitas ao México, Alemanha e China, e a filha de Bill Clinton, Chelsea, foi com o então presidente ao Vietname em 2001.

Mais atrás no tempo, Tricia Nixon Cox e Julie Nixon Eisenhower acompanharam o seu pai, o presidente Richard Nixon, em visitas oficiais a vários países, incluindo a União Soviética, a Roménia e o Irão.

Barack Obama com a primeira-dama Michelle Obama e as filhas Sasha e Malia
Barack Obama com a primeira-dama Michelle Obama e as filhas Sasha e Malia Gerald Herbert/AP2009
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

"Visita de Meloni à China é crucial", diz Associação Italiana da Indústria Automóvel

China e Rússia iniciam os maiores exercícios militares conjuntos dos últimos 30 anos

Super tufão Yagi varre o Vietname: dois mortos e aeroportos encerrados