A autarquia de Berlim está a enfrentar processos judiciais por não providenciar suficientes espaços reservados para os ciclistas. Em 2023, 446 ciclistas morreram na Alemanha.
Há um cruzamento, no centro de Berlim, que é tipicamente movimentado, por onde passa quem se dirige para um dos bairros da moda da cidade. É também o local onde um ciclista de 26 anos foi atropelado por um camião no mês passado, tendo vindo a morrer dias depois.
Ativistas defendem que ciclistas em Berlim estão a morrer porque não há espaço suficiente para eles.
"As pessoas que andam de bicicleta em Berlim enfrentam muitas vezes situações de vida ou de morte. Têm muitas vezes medo de perder a vida quando andam de bicicleta e o governo, atualmente, não protege os ciclistas", afirmou Mara Hasenjuergen, responsável pela comunicação da ONG de ciclismo Changing Cities.
Cinco pessoas estão a processar a autarquia de Berlim por não providenciar espaços protegidos para os ciclistas.
Na semana passada, os manifestantes protestaram contra o facto de a administração local ter decidido adiar a maioria das ciclovias. O governo regional de Berlim disse à Euronews que não tenciona cancelar os planos para as ciclovias, mas que está a adiá-los porque precisa de mais tempo de planeamento e para os integrar no orçamento.
Mais de 400 ciclistas mortos num só ano
No ano passado, 446 ciclistas morreram na Alemanha, de acordo com a ONG de ciclismo ADFC.
Os especialistas dizem que parte do problema reside no facto do governo alemão estabelecer regras rodoviárias que impedem as cidades de implementar as suas próprias estratégias.
Giulio Mattioli, investigador do departamento de ordenamento do território da universidade TU Dortmund, defende que este é um fator crucial que coloca a Alemanha atrás de outros países europeus.
"Este fator impede mesmo as cidades que gostariam de ir mais longe do que as outras. E talvez, indo mais longe, pudessem mostrar que estas coisas, estas coisas podem funcionar. Não são um grande problema. E, sabe, dar o exemplo aos outros", disse Mattioli.
Há quem sugira que a Alemanha siga o exemplo de Paris, onde a presidente da Câmara, Anne Hidalgo, tem vindo a introduzir infraestruturas e a gastar milhões de euros na construção de ciclovias.
"Que tenhamos mais espaços para zonas verdes, para peões e para ciclistas. Penso que Berlim pode seguir o mesmo caminho [que Paris]", disse Linda Vierecke, dos sociais-democratas, que estão numa coligação com os democratas-cristãos para a autarquia de Berlim.
De acordo com os ativistas, as ciclovias não só trariam mais segurança aos ciclistas, como também aos condutores de outros veículos.
"As ruas ficariam mais vazias porque mais pessoas poderiam optar pela bicicleta. Além disso, para os condutores de automóveis, é muito stressante partilhar o espaço da estrada com os ciclistas", explicou Hasenjuergen, um ativista alemão.
Estão planeadas mais manifestações por toda a Alemanha, em prol de maior segurança para os ciclistas e, mais concretamente, para as crianças ciclistas.